Será que filho de Stockton sabe passar?

David, um dos filhos do rei das assistências da NBA, também é base e já tem um contrato para jogar a próxima temporada completa nos Sacramento Kings.

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David Stockton já cumpriu um total de 33 minutos na NBA e fez nove assistências pelos Sacramento Kings DR
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Tal como o pai, David Stockton passou pela universidade de Gonzaga Jim Urquhart/Reuters
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Os números de John Stockton e Karl Malone nos Utah Jazz foram retirados em 2006 Steve Wilson/Reuters
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Malone e Stockton formaram uma das melhores duplas da história da NBA, mas nunca foram campeões Ray Stubblebine/Reuters
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Stockton foi uma das "estrelas" da NBA a conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992 Brian Snyder/Reuters

John Stockton era um homem discreto. Em 1992, por exemplo, andava nas ruas de Barcelona durante os Jogos Olímpicos, e ninguém o reconhecia. Imagens gravadas por uma equipa de televisão mostram que nem uma norte-americana com uma t-shirt do Dream Team sabia quem ele era. Stockton, claro, fazia parte dessa lendária selecção de basquetebol que integrou pela primeira vez as “estrelas” da NBA. Mas nos campos de basquetebol conheciam-no bem pelas assistências e pela dupla que formou com Karl Malone durante quase duas décadas nos Utah Jazz. John deixou de jogar há 12 anos, mas há um novo Stockton na NBA e, não fosse o apelido, os pouco minutos que fez teriam passado despercebidos.

Para já, ainda é muito cedo para dizer que David Stockton, que também joga na posição de base, é um digno sucessor do pai. O que conseguiu, para já, foi entrar na NBA e cumprir alguns minutos pelos Sacramento Kings, equipa que ficou bem longe de se qualificar para os play-off e que terminou a época com o terceiro pior registo da Conferência Oeste (28 vitórias e 53 derrotas). Os números de David nos dois primeiros jogos em que participou foram modestos: 1,5 pontos, 1 ressalto e 1 assistência de média nos sete minutos de cada uma das suas aparições

Mas ao seu terceiro jogo, o último da temporada regular, contra os Los Angeles Lakers nesta última quarta-feira, David já mostrou mais qualquer coisa. Dezanove minutos em campo deram para cinco pontos e sete assistências, um número que abre o apetite sendo ele filho de quem é. Os Kings acreditam nele o suficiente para lhe terem oferecido um contrato a longo prazo, embora não tenham revelado por quanto tempo. É, no entanto, bastante provável que David Stockton esteja na rotação dos Kings em 2014-15.

David, de 23 anos, não é o único filho de John Stockton que joga basquetebol, mas é o único que, por enquanto, chegou à NBA – Michael, 25, joga no Riesen Ludwigsburg, da Liga alemã -, mesmo que pela porta pequena. Tal como o pai, David passou pela Universidade de Gonzaga, com números pouco impressionantes e não entrou no draft de 2014. Passou por uma Liga de Verão com os Phoenix Suns, não ficou, e acabou por ser escoilhido no draft por uma equipa da NBA Development League, os Maine Red Claws. Daqui passou para os Reno Bighorns, também da Development League, que funciona como uma espécie de “incubadora” de jogadores para os Kings.

Em Reno, os números de David cresceram e chamaram a atenção da equipa californiana. Em 43 jogos, o base teve médias de 20,1 pontos, 4,2 ressaltos e 9,4 assistências, números que lhe valeram dois contratos de dez dias com os Kings e, posteriormente, o tal contrato a longo prazo. E, sim, os treinadores vêem nele qualquer coisa de John Stockton. “Faz-me lembrar muito o pai dele. Toma boas decisões, sabe fazer bem o pick-and-roll e é um bom atirador, diria até muito bom atirador. Vê-se que ele quer conduzir a orquestra mais do que marcar pontos”, considera George Karl, o veterano treinador dos Kings.

David sabe que não consegue escapar ao seu apelido famoso, para o bem e para o mal. “Crescer como um Stockton, no que diz respeito ao basquetebol, foi uma bênção e uma maldição. Tinha sempre os melhores lugares nos jogos e podia ver os melhores jogadores de perto e aprender com eles. Mas cada vez que entro num jogo sinto que tenho um alvo nas costas. Onde quer que vá, querem apanhar-me”, admite o jovem base, que não é muito mais baixo que o pai (tem 1,80m; John tem 1,85m), e é um pouco menos atlético, mas também bom defensor.

A próxima missão de David é ganhar um lugar entre os grandes, mas não conta que lhe ofereçam nada. “O meu pai disse-me para trabalhar no duro e provar que pertenço à NBA”, diz. John Stockton ficou na história como um passador de excelência e, ao longo de 19 temporadas como base dos Utah Jazz, fez 15.806 assistências, mais do que qualquer outro na história da NBA. David tem três jogos, com um total de 33 minutos e nove assistências. Já é seguro, no entanto, que não terá nenhum Karl Malone Jr. para fazer os passes. Os dois filhos daquele que ficou conhecido como o “Carteiro” preferem futebol americano.

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