Opinião: Do céu ao inferno

O Dakar já arrancou e logo a abrir desfizeram-se os sonhos e as ambições de um piloto, Nani Roma, que por sinal tinha sido nada menos do que o vencedor da edição anterior. Esta mítica corrida de todo-o-terreno tem sempre bem presentes duas faces de uma mesma moeda: a glória daqueles que vencem e superam obstáculos por vezes inimagináveis e a dor, o desespero e a tristeza daqueles que de um momento para outro vêem esfumar-se meses de intensa preparação.

Mesmo sendo um piloto de uma equipa de fábrica e tendo sido forçado a parar por um problema que, eventualmente, não terá sido da sua responsabilidade, estou certo de que Nani Roma estará profundamente abatido por esta situação. É um piloto que sempre se preocupou em dar uma excelente imagem aos seus patrocinadores e ficar afastado de lutar pela vitória logo nos primeiros quilómetros é mau demais.

Desportivamente, não há mais nenhum facto saliente a registar. Aliás, esta etapa que terá sido muito semelhante à que disputei em 2010 não permite grandes veleidades. Tem um traçado parecido com o que muitas vezes temos em Portugal, mas muitissimo rápida – os primeiros fizeram média de 140 km/h - com pistas estreitas e o pó levantado pelos carros da frente dificulta imenso as ultrapassagens. Aliás, não houve mesmo qualquer ultrapassagem entre os primeiros pilotos a saírem para a pista e com o abandono do Nani Roma coube ao Nasser abrir a pista. Não me admira, por isso, que o piloto do Qatar tenha feito o melhor tempo apenas acompanhado do argentino Orlando Terranova.

Neste primeiro dia de corrida os portugueses estiveram na generalidade bem. É natural que se destaque o segundo lugar do Paulo Gonçalves e é pena que o Mário Patrão tenha tido problemas mecânicos porque esta era uma etapa em que ele estaria particularmente à vontade. Segue-se agora uma longa tirada com mais de quinhentos quilómetros e seguramente que a selecção se irá começar a fazer sentir.

Sugerir correcção
Comentar