Metro a funcionar "com algumas perturbações" em dia de greve teórica

Paralisação não foi desconvocada formalmente, mas os sindicatos entendem que cumprir apenas os serviços mínimos põe em causa a segurança dos passageiros.

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Tribunal define que um quarto do serviço tem de ser assegurado Joana Freitas/Arquivo

O metro de Lisboa está a funcionar nesta quinta-feira, apesar de se manter o pré-aviso de greve. Face à decisão do Tribunal Arbitral de decretar serviços mínimos, os sindicatos decidiram pedir aos trabalhadores que se apresentem ao trabalho "como se fosse um dia normal". Em suma: em teoria há greve, mas na prática não.

O metro está, assim, a funcionar normalmente, apenas com “algumas perturbações” na Linha Verde, que liga Telheiras ao Cais do Sodré, disse à Lusa fonte da empresa.

Fonte oficial da empresa explicou à Lusa que as portas de “todas as estações do Metro abriram normalmente às 06h30 como é hábito”. Apenas a Linha Verde “regista algumas perturbações anunciadas devido à greve, que podem passar por um maior intervalo de tempo entre as composições”.

A situação no terreno na manhã desta quinta-feira confirma aquilo que os sindicatos antecipavam na quarta-feira. “Os trabalhadores têm a opção de se apresentarem nos locais de trabalho como se de um dia normal se tratasse”, diz José Manuel Oliveira, dirigente da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), uma das estruturas que convocaram a paralisação de 24 horas para esta quinta-feira. Segundo este dirigente, formalmente a greve não foi desconvocada, mas “não terá efeito prático”.

Em causa está a decisão do Tribunal Arbitral, de obrigar os trabalhadores a assegurarem “em todas as estações e por cada período de uma hora de funcionamento, 25% das composições habitualmente afectas ao transporte de passageiros”, no período das 7h às 23h.

Esta decisão é contrária à “esmagadora maioria dos acórdãos do Tribunal Arbitral sobre greves no Metropolitano de Lisboa”, sublinha a Fectrans. “Quando se pretende que o metro funcione para transportar o mesmo número de passageiros [cerca de 500 mil por dia, segundo números da empresa] com um quarto das composições, levantam-se problemas ao nível da segurança”, considera José Manuel Oliveira, em declarações ao PÚBLICO.

“Teríamos comboios sobrelotados e os passageiros seriam prejudicados com mais tempo de espera”, continua o dirigente sindical. Perante este cenário, os sindicatos vislumbravam duas opções: “Ou faríamos um apelo à população para que não usasse o metro, ou apelávamos aos trabalhadores para que não pactuassem com decisões que não são responsáveis”, explica. Optaram pela segunda.

“Do ponto de vista prático, abdicamos da utilização da greve, por causa das consequências decorrentes da fixação de serviços mínimos num sistema de transportes que não é igual ao metro de superfície ou ao autocarro. Mas formalmente não desconvocamos a paralisação”, sublinha José Manuel Oliveira. Num comunicado, a Fectrans avisa: "Qualquer anormalidade na circulação do Metropolitano de Lisboa deve-se à administração e à sua incapacidade de resolver os conflitos laborais que cria."

O protesto dos trabalhadores – convocado pela Fectrans, Sindicato dos Trabalhadores da Tração do Metropolitano de Lisboa, Sindicato da Manutenção do Metropolitano e Sindicato de Quadros Técnicos – coincide com o Dia Nacional de Indignação, Acção e Luta agendado pela CGTP para 13 de Novembro, em defesa do aumento de salários, estabilidade do emprego, reposição dos direitos laborais e contra as políticas do Governo. Os trabalhadores estão contra a concessão da empresa a privados, cujo concurso deverá ser lançado em breve, segundo a promessa do Governo. A Fectrans considera que está em curso um “plano de destruição de um serviço público de qualidade e da sua transformação num instrumento dos negócios dos grupos económicos e financeiros”.com Lusa

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