Dívidas de 46,7 milhões levam ao fecho de emblemático café do Funchal

No espaço de duas semanas houve duas insolvências.

Cerca de 30 trabalhadores de dois cafés do Funchal, um dos quais o emblemático ‘Golden Gate’, que encerraram devido a dívidas na ordem dos 46,7 milhões de euros, concentraram-se nesta segunda-feira junto ao estabelecimento conhecido como a “Esquina do Mundo”.

“No espaço de duas semanas houve duas insolvências” de empresas da responsabilidade do empresário Luís Camacho, disse o responsável do Sindicato do Trabalhadores da Hotelaria e Similares.

Adolfo Freitas explicou que também ficou insolvente o Hotel Mar, mas os trabalhadores foram integrados numa outra empresa [Hotéis Madeira Managers], que lhes garantiu todos os direitos, exceptuando a antiguidade.

“Infelizmente, nesta empresa, a Santolido, que engloba os estabelecimentos de restauração ‘Golden Gate’ e ‘Yatchs Bar’, os trabalhadores não tiveram a mesma sorte devido à dívida do senhor Luís Camacho, que não pagou os arrendamentos e a outros credores”, acrescentou o dirigente sindical.

Segundo o dirigente sindical, no conjunto, “as dívidas acumuladas que estas duas empresas têm a vários credores, Finanças, Segurança Social e banca é de 46,7 milhões de euros”,

Para Adolfo Freitas, “é incompreensível como a Justiça deixa uma empresa chegar a esta situação”, que classifica de “poço que foi ficando cada vez mais fundo”, o que representou o encerramento de “um restaurante dos mais luxuosos do Funchal, secular - estabelecido desde 1841, sendo conhecido internacionalmente como a ‘Esquina do Mundo’”.

Segundo Adolfo Freitas, até sexta-feira havia perspectivas de negociação entre o banco proprietário do imóvel, o administrador de insolvência e um empresário da região para passar a explorar o estabelecimento, “mas houve uma reviravolta” e, neste momento, “não há confirmação” de uma solução para aquele café.

“Ainda não estou em mim, que o Golden realmente fechou e está a acontecer isto. Foram muitos anos”, disse Jorge Abreu, responsável pelo funcionamento do estabelecimento desse 2001.

“Sei quanto facturávamos e que o problema não é propriamente o café, porque tem rendimentos para estar aberto”, realçou, adiantando existir “muita gente interessada e o banco já tem alguém para explorar o espaço”.

Também Alexandra Jesus, a cozinheira do ‘Golden’ e uma das mais antigas trabalhadoras do espaço, declarou que “era impensável que uma coisa destas viesse a acontecer”.

“Temos trabalho de manhã à noite e só o patrão pode explicar para onde vai tanto dinheiro que aqui entra”, disse.

Contactado o responsável da administração, o empresário madeirense Luís Camacho, este escusou-se a comentar a situação, declarando apenas que o encerramento foi “uma decisão do tribunal que decretou a insolvência da empresa”.

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