Matteo Trentin, o obcecado pela Bélgica

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Matteo Trentin tem mostrado o seu valor neste Tour JEFF PACHOUD/AFP

Duas Voltas à França, duas etapas. Nada mau para um jovem de 24 anos, não? Recrutado como équipier de Mark Cavendish, Matteo Trentin tornou-se uma peça essencial no comboio de velocidade da Omega Pharma-Quickstep, mas não só. Há um ano, em Lyon, foi o primeiro de um grupo de 18 fugitivos de luxo – estavam David Millar, Andrew Talansky, Tejay Van Garderen ou Jens Voigt. Este ano, em Nancy, bateu, nada mais, nada menos, do que o talentoso Peter Sagan…por um centímetro.

Feita a apresentação curricular do italiano, conte-se a sua história. Quando, na sua juventude, as equipas que representava não viram com bons olhos que participasse em provas de ciclocrosse na Bélgica, o irreverente Trentin alugou uma caravana à socapa e, na companhia de um amigo, percorreu os 1200 quilómetros desde a sua Borgo Valsugana natal até terras belgas. Não seria a única aventura do jovem e obstinado Matteo. Quando, no Inverno de 2012, cismou que queria passar as férias no Brasil e não encontrou nenhum amigo disponível, fez a mala e partiu sozinho, mala às costas.

A perseverança com que orienta a sua vida levou-o para o ciclismo. Com apenas 16 anos, tornou-se campeão italiano júnior – e cumpriu dois meses de suspensão por um positivo por salbutamol. Três anos depois foi-se mostrando em provas em território nacional, mas seria em 2011 que, finalmente,conseguiria viver os seus sonhos. A Bélgica sempre foi uma obsessão. Os pavés, o ciclismo de ataque, as longas fugas. Por isso, quando recebeu uma chamada dos responsáveis da Quick Step nem hesitou. Não ouviu ninguém, nem mesmo o homem que o acompanha desde os amadores, Paolo Slongo, agora treinador de Vincenzo Nibali.

“Queria uma equipa belga. Por sorte, a Quickstep contactou-me. Outras equipas apresentaram propostas, mas nem as ouvi”. Na formação belga, o estudante de ciências do desporto e apaixonado por BD encontrou os argumentos para seguir a sua paixão: correr (e ganhar) clássicas como o Paris-Roubaix ou a Volta à Flandres – ainda não venceu nenhuma, mas, pelo visto no Tour, para lá caminha. O progresso, garante, deve-o a Cavendish, que o ajudou a congregar as qualidades de corredor de ciclocrosse à ciência meticulosa do sprint. “Ele ensinou-me a esperar sempre pelo momento certo para lançar o sprint”. Até agora, os conselhos parecem estar a resultar.

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