Rui Rio admite renegociação da dívida se crescimento do país for fraco

Em reacção à reunião do Conselho de Estado, social-democrata considera que os momentos mais adequados para entendimentos políticos são os pós-eleitorais.

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Adriano Miranda

O social-democrata Rui Rio alertou esta sexta-feira, no Porto, para a necessidade de, “qualquer dia”, Portugal ter de “renegociar a dívida” pública no caso de não ter um crescimento económico sustentável. Mas também disse não ver possibilidades de alcançar o consenso político defendido quinta-feira no Conselho de Estado, alertando que "os momentos mais adequados" para entendimentos partidários são "mais calmos e pós-eleitorais".

“Naturalmente que Portugal só poderá não falar de renegociar a dívida se tiver um crescimento económico sustentável. Se conseguirmos esse crescimento, teremos riqueza suficiente para fazer face à dívida acumulada”, observou o economista, em declarações aos jornalistas no fim da conferência "As Empresas e o Imperativo da Competitividade”.

Para o ex-presidente da Câmara do Porto, se o país “tiver um crescimento económico muito fraco, qualquer dia, naturalmente”, terá de “renegociar a dívida”.

A renegociação das condições do pagamento da dívida pública está a ganhar terreno entre os membros do Conselho de Estado. Na reunião de quinta-feira, dois ex-Presidentes da República estiveram do lado da ideia - Jorge Sampaio e Ramalho Eanes. Também Bagão Félix e Manuel Alegre foram ao encontro da proposta ali defendida por António José Seguro.

Já sobre o apelo para o diálogo construtivo saído do Conselho de Estado, Rio disse não acreditar que este seja o momento ideal para consensos políticos.

"Sou altamente favorável ao consenso entre partidos mas, neste momento, não vejo como é possível, principalmente no enquadramento em que está o PS, nem que os dois candidatos a líderes quisessem", observou o economista. Para Rio, os "momentos mais adequados" para apelar ao diálogo entre forças políticas são alturas "mais calmas" e "pós- eleitorais".

O Conselho de Estado exortou quinta-feira à noite "todas as forças políticas e sociais" a preservarem "pontes de diálogo construtivo" e a empenharem "os seus melhores esforços na obtenção de entendimentos quanto aos objectivos nacionais permanentes". A reunião do órgão político de consulta do Presidente da República tinha como ordem de trabalhos a "situação económica, social e política face à conclusão do programa de ajustamento e ao acordo de parceria 2014-2020 entre Portugal e a União Europeia para os fundos estruturais.

No final da conferência, o economista falou também da reforma do Estado, defendendo que é necessário actuar na "área da gestão". Considerando “indiscutível” que a carga fiscal em Portugal é actualmente “insustentável, injusta” e “quase ultrapassou todos os limites”, defendeu a necessidade de uma reforma do Estado que "tem de ir da despesa mais baixa à mais alta” porque “é o somatório de muitas despesas pequeninas, feito organismo a organismo”, que permite “reduzir a carga fiscal”.

“Temos de baixar a despesa, mas é a despesa real, não é só a despesa com salários e pensões. Há muita outa despesa do Estado que temos de fazer um esforço para reduzir”, alertou o social-democrata.
 

   


 

   


 

   





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