O Gana ao raio-x: capacidade atlética e muita qualidade no ataque

O último adversário de Portugal na fase de grupos destaca-se, essencialmente, pela produção ofensiva.

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Carl de Souza/AFP

Do lote das cinco selecções africanas presentes neste Mundial, a do Gana será a mais talentosa. Depois de ter chegado aos quartos-de-final na África do Sul, em 2010, partiu para um novo ciclo com James Kwesi Appiah como técnico. Com a equipa estruturada num 4-2-3-1, o ex-responsável pela formação das selecções ganesas ainda tem uma palavra a dizer no torneio.

Baliza: dois galos para um poleiro
No primeiro jogo, a aposta do seleccionador recaiu sobre Adam Kwarasey, mas frente à Alemanha Fatau Dauda recuperou o lugar que foi seu durante a CAN 2013 e na maioria dos jogos da qualificação. Deverá ser o guarda-redes que fez pouquíssimos encontros no Orlando Pirates, na última temporada, a tomar novamente conta da baliza. Ágil e dono de bons reflexos, Dauda, que começou a carreira há 10 anos, tem neste Mundial o ponto alto de um percurso com muitos pontos de interrogação. Na Liga da África do Sul, para onde emigrou em 2013, tem tido o banco como destino. Mas na selecção a história é outra e a confiança de Kwesi Appiah continua intacta.

Defesa: laterais muito ofensivos
A lesão de Jerry Akaminko na fase de preparação para o Mundial projectou definitivamente a dupla Jonathan Mensah-John Boye para a titularidade no eixo da defesa. Com 1,88m e 1,85m, respectivamente, formam um dueto de centrais possante, mas nem sempre fiável no jogo aéreo. A alternativa mais evidente será Rashid Sumaila, mas a experiência de Mensah e Boye, ambos a actuar na Liga francesa, tem pesado mais na decisão do seleccionador. Nas alas, a excelente exibição de Harrison Afful (incansável no apoio ao ataque) frente à Alemanha terá sido suficiente para roubar o lugar a Daniel Opare à direita, enquanto do lado contrário Appiah, um antigo lateral esquerdo, não abdica de utilizar Kwadwo Asamoah numa posição mais recuada do que o próprio jogar já admitiu que gostaria. De resto, é justamente a vocação ofensiva dos laterais que salta à vista neste Gana de alta intensidade.

Meio-campo: sem Muntari, com Essien
A ausência de Sulley Muntari, a cumprir um jogo de castigo, é uma boa notícia para Portugal. Sem o motor do meio-campo, o Gana poderá funcionar a rotações mais baixas, mas não necessariamente com menos fiabilidade. Aos 31 anos, Michael Essien pode já não ter o andamento de outros tempos, mas compensa em experiência e sentido posicional o que lhe falta em intensidade. Será o médio do AC Milan a opção mais natural para a vaga em aberto (a alternativa é Agyemang-Badu, da Udinese), ao lado de Mohammed Rabiu, um trabalhador nato que dará dores de cabeça aos avançados portugueses. À frente deste duplo pivot, actua um trio de atacantes talentosos. Kevin-Prince Boateng, uma das estrelas da companhia, iniciou o Mundial no banco e fez 52 minutos contra a Alemanha. Jogue o médio do Schalke 04 ou Jordan Ayew (Sochaux) pelo meio, os flancos serão entregues ao irmão André Ayew, que já leva dois golos no torneio, e a Christian Atsu, antigo jogador do FC Porto cujas diagonais se têm mostrado bastante perigosas.

Ataque: Bombardeiro de elite
Passou pela Udinese, pelo Rennes, pelo Sunderland e hoje representa um clube (Al Ain, dos Emirados Árabes Unidos) cujo palmarés não está à altura do seu talento. Asamoah Gyan, que se estreou na selecção aos 17 anos, é a grande referência do ataque do Gana. Poderoso do ponto de vista físico, muito móvel e com uma invulgar capacidade de finalização (soma 40 golos em 80 jogos pela selecção), será uma séria dor de cabeça para os centrais portugueses.

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