O fim da hegemonia da Mercedes veio de onde menos se esperava

Felipe Massa, da Williams, conseguiu a pole position para o Grande Prémio da Áustria. É a primeira vez nesta época que um Mercedes não sai da frente. Desilusão para Hamilton, Vettel e Button.

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Massa foi o mais rápido David W Cerny/Reuters

Nem Red Bull, nem Ferrari, nem McLaren. Quem terminou com o pleno da Mercedes nas qualificações da actual temporada de Fórmula 1 foi a Williams, pelo volante de Felipe Massa, o mais rápido no circuito austríaco de Spielberg. Há dois anos que a escuderia britânica não conseguia uma pole position e há seis que o piloto brasileiro não partia para o Grande Prémio no primeiro lugar.

O comportamento da Williams é ainda mais surpreendente, porque a escuderia não tem feito uma época propriamente brilhante (ocupa o sexto lugar no Mundial de construtores) e apareceu agora em alta, com a capacidade para obter os dois primeiros lugares da grelha, já que o jovem finlandês Valtteri Bottas foi o segundo mais rápido, obtendo o melhor resultado da sua curta carreira. A Williams não conseguia uma “dobradinha” na qualificação desde 2003, quando Juan Pablo Montoya e Ralf Schumacher foram os dois mais rápidos na Alemanha.

Esta pole position é também o regresso de Felipe Massa aos lugares cimeiros da Fórmula 1, depois da saída da Ferrari no final de 2013 e especialmente após o gravíssimo acidente que sofreu no Grande Prémio da Hungria, em 2009, que o deixou a lutar pela vida. “Depois de uma longa ausência, espero que isto seja apenas o início de grandes possibilidades. Espero estar nesta posição outra vez”, disse o brasileiro, de 33 anos, que não conquistava uma pole position desde o Grande Prémio do Brasil, em 2008, quando ainda estava na Ferrari — longa espera não é uma expressão desajustada, uma vez que esta foi a 16.ª pole da sua carreira mas a primeira após 93 qualificações (seis anos) sem ser o mais rápido.

Massa é, aliás, um dos quatro pilotos da actual Fórmula 1 que já tinham conduzido no circuito austríaco, que regressa à F1 após 11 anos de ausência — os outros são Fernando Alonso, Jenson Button e Kimi Raikkonen, embora a estes três essa experiência não tenha valido assim de tanto. Alonso levou o seu Ferrari ao quarto lugar, mostrando algumas melhorias, enquanto o compamnheiro de equipa Kimi Raikkonen foi oitavo.

No caso da Mercedes, que tinha obtido a pole position nas primeiras sete provas da época, Nico Rosberg vai sair do terceiro lugar, enquanto Lewis Hamilton não foi além do nono posto, porque ficou sem tempo na terceira fase da qualificação. O tempo do britânico foi anulado porque seguiu por fora da pista na última curva, o que também terá prejudicado Rosberg, que vinha logo atrás.

Líder do Mundial de pilotos, Rosberg poderá aumentar a vantagem sobre o companheiro de equipa, que é segundo no campeonato, a 22 pontos. E o alemão não se dá por vencido para corrida deste domingo (13h, SP-TV2). “Continuo a pensar que somos a equipa e o carro mais rápidos neste momento, mas sempre estive atento à concorrência. E hoje [ontem] a Williams ficou bem perto, por isso temos de continuar a evoluir”, disse Rosberg, lembrando que na última corrida foi a Red Bull a vencer.

A equipa austríaca, no entanto, não confirmou as boas indicações dadas no Canadá, onde acabou com o pleno da Mercedes nas corridas deste ano. Sebastian Vettel, tetracampeão mundial, continua a fazer uma época para esquecer e desta vez não foi além do 13.º tempo, o que lhe dá o 12.º lugar na grelha, graças à penalização de Sérgio Pérez. “Não estou contente, vamos pôr as coisas nesses termos”, vociferou Vettel, que voltou também a ser batido pelo seu companheiro de equipa. Vencedor no Canadá, o australiano Daniel Ricciardo vai partir do quinto lugar, ao lado de Fernando Alonso.

Na McLaren, a hierarquia também parece invertida: o dinamarquês Kevin Magnussen foi sexto (à frente do jovem russo Daniil Kvyat, da Toro Rosso), enquanto Jenson Button sairá do 11.º lugar. Sinais dos tempos na Fórmula 1.

Grelha de partida

1.ª linha
Felipe Massa (BRA/Williams-Mercedes)
Valtteri Bottas (FIN/Williams-Mercedes)

2.ª linha
Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
Fernando Alonso (ESP/Ferrari)

3.ª linha
Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull-Renault)
Kevin Magnussen (DIN/McLaren-Mercedes)

4.ª linha
Daniil Kvyat (RUS/Toro Rosso-Renault)
Kimi Räikkönen (FIN/Ferrari)

5.ª linha
Lewis Hamilton (GBR/Mercedes)
Nico Hülkenberg (ALE/Force India-Mercedes)

6.ª linha
Jenson Button (GBR/McLaren-Mercedes)
Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault)

7.ª linha
Pastor Maldonado (VEN/Lotus-Renault)
Jean-Eric Vergne (FRA/Toro Rosso-Renault)

8.ª linha
Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault)
Sergio Pérez (MEX/Force India-Mercedes)

9.ª linha
Adrian Sutil (ALE/Sauber-Ferrari)
Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber-Ferrari)

10.ª linha
Jules Bianchi (FRA/Marussia-Ferrari)
Kamui Kobayashi (JAP/Caterham-Renault)

11.ª linha
Marcus Ericsson (SUE/Caterham-Renault)
Max Chilton (GBR/Marussia-Ferrari)

Nota: Pérez e Chilton foram penalizados com respectivamente cinco e três lugares na grelha, depois do embate no GP do Canadá

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