Finais ibéricas começaram em 1961

Os emblemas espanhóis totalizam 49 títulos de clubes em 58 anos de competições europeias.

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Os adeptos do Sevilha a apoiar a sua equipa DR

As duas primeiras finais europeias jogadas e ganhas pelo Benfica, já na altura mostravam que o futebol da Península Ibérica não era periférico. O Barcelona de 1961 e o Real Madrid, no ano seguinte, tinham jogadores caros como Kubala, Kocsis e Czibor ou os autênticos galácticos Di Stefano, Puskas e Gento nos merengues, embora as suas contas bancárias fossem mais curtas dos que as das vedetas de hoje.

Estava-se no princípio de um tempo novo com o advento das fascinantes transmissões televisivas dos grandes jogos de futebol, mesmo a preto e branco e sem muitas câmaras a espiar todos os momentos do jogo como agora se exige. Esses triunfos do Benfica fizeram história.

Poucos anos antes, o Benfica convidou para treinador o brasileiro Otto Gloria, quando no Brasil se dizia que em Portugal se jogava com bola quadrada. A estreia na Taça dos Clubes Campeões Europeus frente ao Sevilha, em 1957, já com alguns jogadores da categoria de Mário Coluna, José Águas e Palmeiro não foi feliz: o Benfica perdeu no velho campo de Nervion por 3-1 e na Luz empatou (0-0).

O Sevilha não era campeão mas ocupou o lugar suplementar atribuído à Espanha pelo facto do Real Madrid ser o detentor do troféu. Da lenda faz parte o nome de um jogador chamado Campanal, que encarnava a chamada fúria espanhola, antecessora caduca do “tiki-taka” vitorioso dos tempos modernos. Viajou de barco do norte de Espanha para Sevilha, ficou por lá 16 épocas, e tornou-se num dos mitos do clube, figurando na galeria em que o drama de António Puerta, que comoveu a Espanha no Verão de 2007, está em primeiro plano.

Puerta era um jovem da casa, nascido no mesmo bairro onde fica o Estádio Sánchez Pizjuán, e a sua inesperada morte ocorreu em momento de particular euforia, após duas vitórias sucessivas na Taça UEFA, uma com os ingleses do Middlesborough (4-0) e a outra resolvida no desempate frente ao Espanyol de Barcelona (2-2), em que Palop deteve três penáltis. Ainda por cima o claro triunfo (3-0) sobre o Barcelona na Supertaça europeia de 2006 no Mónaco, com os golos de Renato, Kanouté e Maresca, criava a ilusão do “sí se puede” para ganhar a Liga.

Num curto intervalo de tempo o Sevilha conviveu com a alegria e a tragédia, num movimentado período da história de um clube que só uma vez ganhou o campeonato, na já muito distante época de 1945-46.

No que diz respeito a títulos e credenciais as do Benfica superam largamente as do seu adversário de Turim mas no que diz respeito aos dois países ibéricos a Espanha gaba-se de um crédito de 100 presenças em finais, no conjunto de todas as participações, com 49 títulos em 58 anos de competições internacionais para clubes.

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