Encerramento de esquadra pode transformar Quinta do Cabrinha em novo Casal Ventoso

A Quinta do Cabrinha foi construída de raiz há 15 anos para realojar mais de 200 famílias do Casal Ventoso.

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As associações que trabalham nas proximidades da Quinta do Cabrinha, em Alcântara (Lisboa), estão contra o encerramento da esquadra da PSP naquele bairro e algumas admitem mesmo deixar a zona, alegando razões de segurança.

Na Quinta do Cabrinha, associações como o Projecto Alkantara, o Clube Desportivo de Santo António e o Águias-Recreativo Clube mostraram a sua oposição ao encerramento da esquadra da PSP a eleitos da CDU que hoje visitaram o bairro.

"As associações querem a manutenção da esquadra e têm uma grande preocupação perante o encerramento", disse à agência Lusa o vereador do PCP Carlos Moura, no final do contacto com estas associações.

"É de uma insensibilidade enorme. Se o objectivo é garantir a segurança, devia ser feito o percurso inverso", disse, por sua vez, o presidente do Projecto Alkantara, uma associação de luta contra a exclusão social e que funciona há 15 anos na Quinta do Cabrinha, Filipe Santos.

Também para o PCP o encerramento previsto de esquadras em bairros municipais de Lisboa é preocupante: "Num contexto socialmente complicado, aliado à crise, encerrar esquadras em bairros sociais é um ato criminoso", disse Carlos Moura.

O vereador comunista defendeu um reforço das esquadras nos bairros sociais, a manutenção das esquadras existentes e a implementação de políticas que "sirvam verdadeiramente os cidadãos".

Por outro lado, também o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, Davide Amado (PS), disse à Lusa que "todas as associações" que contactou estão contra o encerramento da esquadra e que algumas delas ponderam mesmo deixar a zona, como a Entrajuda - Apoio a Instituições de Solidariedade Social ou a Associação de Reabilitação e Integração Ajuda (ARIA).

Isabel Jonnet, que lidera a associação, afirma que, com a saída da PSP do bairro, "se seguirá muito provavelmente, muito contra vontade e se existir insegurança no bairro, a saída da Entrajuda" e admite que a saída da PSP e das associações fará com que Alcântara "volte a ter na Avenida de Ceuta o bairro problemático do Casal Ventoso".

Também a ARIA teme que a saída da esquadra "potencie a desordem pública e a prática de algumas actividades ilícitas que possam actualmente estar ‘camufladas’ ou contidas”, admitindo que a localização da sua sede possa “comprometer a missão”.

Há 15 anos a Quinta do Cabrinha foi construída de raiz para realojar mais de 200 famílias e foi o primeiro de um plano de reconversão e social e urbanística que deu casa a mais de 1000 agregados que viviam no Casal Ventoso.

O bairro foi considerado problemático, mas as associações vêem na presença da PSP um "elemento apaziguador".

Davide Amado espera que o encerramento da esquadra não avance, já que isso significaria um "retrocesso" para o bairro e uma "falta de sensibilidade" para com as populações.

O encerramento da esquadra da Quinta do Cabrinha consta de um projecto de reorganização do dispositivo policial nos comandos metropolitanos de Lisboa e Porto a que agência Lusa teve acesso a 07 de Fevereiro deste ano, e que foi entregue ao Ministério da Administração Interna pela direcção nacional da PSP.

Para o Comando Metropolitano de Lisboa, é proposta a desativação de 11 esquadras e a abertura de dois serviços de atendimento partilhado e de policiamento de proximidade (SAPPP).

 

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