A poucas semanas de assumir a presidência semestral da UE (da qual alguns defenderam que fosse excluída, por estar sob resgate), a Grécia teve a ousadia de aprovar um orçamento que a troika não aceita.

Nada de muito especial: o orçamento é de austeridade e há todas as hipóteses de as contas estarem erradas, uma velha tradição grega. Os governos de Atenas têm sido maus alunos no verdadeiro sentido da palavra, e não por rebeldia.

Não se veja pois no gesto do Governo de Antonis Samaras uma vontade de contrariar as políticas impostas pela troika. Até porque, ao contrário do que acontecia no passado, a situação grega já não inspira grandes receios sistémicos. De qualquer maneira, Atenas mostrou que se a troika for desafiada o mundo não acaba.

A Grécia está sem dúvida a viver uma tragédia, como diz Alexis Tsipras, líder do Syriza, por isso pode oferecer-se esta pequena ironia de um orçamento contra a troika. Até porque a ironia, foram eles que a inventaram. Tal como a democracia. Coisas de maus alunos.