Entre Deus e o desumano

O Papa fala na economia que mata por entre o silêncio e o conformismo dos políticos

Numa linha, o Papa diz tudo. A dado passo da sua primeira exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, Francisco escreve: o sistema económico criou “algo de novo: os excluídos não são explorados, são desperdícios, lixo”.

É à desumanização global criada pelo capitalismo que o Papa se dirige, colocando o combate a esse sistema na primeira linha das prioridades do seu mandato – a exortação apostólica é, de algum modo, o equivalente a um programa de governo. Com este documento, Francisco diz-nos duas coisas. Primeiro, que a Igreja tem o dever de reintroduzir os valores no universo do político, reduzido a anomia contabilística, onde o mais forte esmaga o mais fraco. Segundo, que este Papa tem as características necessárias para desempenhar esse papel. Francisco fala na “economia que mata” por entre o silêncio e o conformismo dos políticos. Atravessada a fronteira do desumano, tudo está posto em causa. O Papa é dos poucos a dizê-lo. <_o3a_p>

 


 


 


 


 


 


 


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