Autarca de Darque "indignado" com marcação de tourada para a freguesia

Presidente da junta diz que a autarquia não foi “tida nem achada” no processo e que não concorda com a localização apontada para a corrida de touros.

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Presidente da junta prevê protestos contra a tourada como no ano passado e diz que o povo de Darque "tinha o direito de gozar as festas da cidade sem confusão" Nelson Garrido/Arquivo

O presidente da Junta de Darque, em Viana do Castelo, assumiu nesta terça-feira “indignação” por aquela freguesia ter sido escolhida pela federação Prótoiro para a realização de uma tourada em Agosto sem ter sido “tida nem achada” no processo.

“A Junta de Freguesia não foi tida nem achada, ninguém nos disse nada e Darque não tem qualquer tradição de touradas", disse Joaquim Perre à Lusa. Ainda por cima, vão fazer a corrida num local como este, com uma estrada de acesso que é um cancro da nossa freguesia porque nem permite o cruzamento de duas viaturas”, acrescentou o autarca.

Joaquim Perre não esconde a “indignação” com a situação, de que teve conhecimento pela Lusa, recordando que noutras circunstâncias a junta é chamada a colaborar ou a dar opinião sobre a escolha de terrenos, embora sem qualquer poder vinculativo no licenciamento. “Até quando chegam para montar o circo pedem o nosso apoio e opinião. Neste caso, não sabíamos de nada”, apontou o autarca de Darque, na margem esquerda da cidade de Viana do Castelo, e que promete levar o assunto à próxima reunião do executivo.

A federação Prótoiro apresentou na segunda-feira um pedido de licenciamento municipal para a instalação de uma arena amovível em Darque, na qual pretende retomar as touradas naquela cidade, a 18 de Agosto, o domingo das tradicionais festas da Romaria d’Agonia. O requerimento deu entrada nos serviços municipais daquela que, desde 2009, se assume como a primeira câmara do país “antitouradas”, mas com a Prótoiro a afirmar que o processo “reúne todas as condições legais” para ser deferido.

“Este pedido para o licenciamento é apenas da instalação da praça [uma arena amovível para 3300 pessoas], que é o único poder da câmara, e que mesmo assim não é discricionário. Ou seja, se estiverem reunidas todas as condições legais, como é o caso, a câmara não pode indeferir o pedido”, afirmou à Lusa o dirigente da Prótoiro, Diogo Monteiro.

“Vivo há mais de 50 anos em Darque e nunca vi uma tourada na freguesia. Mas pelo menos tínhamos direito a saber de alguma coisa, para planificarmos as nossas actividades. Basta ver que tínhamos de fazer uma obra urgente de saneamento naquele local, já que uma parte aluiu há pouco tempo, e agora não sabemos como vamos resolver isto”, insurgiu-se, por seu turno, Joaquim Perre. “É uma falta de consideração pela Junta de Freguesia e pelo povo de Darque, que também tinha o direito de gozar as festas da cidade sem esta confusão na sua terra”, criticou ainda o autarca.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, já classificou como uma “provocação” a realização desta corrida de touros no concelho, mantendo a intenção de impedir que se repita o que aconteceu em 2012, ano em que a corrida aconteceu mesmo, mas na freguesia de Areosa, também no concelho.

O pedido de instalação desta arena diz respeito a terrenos privados onde, segundo Diogo Monteiro, o Plano Director Municipal admite construção, junto a uma área localmente conhecida como a “seca do bacalhau”.

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