Separatistas pró-Rússia abandonam a cidade de Slaviansk, no Leste da Ucrânia

Presidente terá dado ordens aos militares para que içassem bandeira da Ucrânia no edifício municipal da cidade.

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Os rebeldes terão deixado Slaviansk (na foto) em direcção a Kramatorsk, a cerca de 15 quilómetros Shamil Zhumatov/Reuters

Separatistas pró-Rússia abandonaram a cidade de Slaviansk, no Leste da Ucrânia, confirmou este sábado o presidente da câmara local nomeado pelos separatistas, Vladimir Pavlenko.

 A informação surge depois de o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, anunciar que um grande número de rebeldes pró-Rússia tinha deixado a cidade do Leste do país. É uma grande vitória para o Governo ucraniano, dizem os comentadores.

Segundo a BBC, os rebeldes que combatem o Governo de Kiev terão seguido para Kramatorsk, uma cidade situada a cerca de 15 quilómetros de Slaviansk. A cidade é um bastião crucial — foi aí que começou a insurreição em Abril. "Não era só um centro de comando dos rebeldes, era também um símbolo da capacidade contínua dos militantes continuarem a impedir as tentativas de Kiev reassumir o controlo do Leste", comenta o jornalista da BBC David Stern, que está em Kiev. Apesar disso, o jornalista sublinha que não é claro o significado da conquista no plano geral: "A questão é se este é um ponto de viragem na guerra, ou apenas uma mudança no campo de batalha."

Através do Facebook, o ministro Akavov referiu a saída de um grande número de separatistas, embora admitindo que outros tenham permanecido em Slaviansk. Arsen Avakov disse ter informação de que entre os rebeldes que abandonaram a cidade estaria Igor Strelkov, comandante das milícias separatistas de Slaviansk, que esteve implicado no rapto dos inspectores da Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE).

"Entre as 8h e as 9h, vi rebeldes a abandonarem Slaviansk em direcção a Kramatorsk", descreveu Tania Lokchina, observadora russa da Human Rights Watch, presente na região.

O Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, terá dado ordens aos militares para que fosse içada a bandeira da Ucrânia no edifício da câmara municipal da cidade.

Os insurrectos admitiram uma superioridade numérica avassaladora do exército ucraniano para justificar a retirada. Alguns relatos dizem que os militares estavam a fazer retirar os últimos resquícios de rebeldes na cidade. Outros dão conta de que as forças militares terão ainda conquistado mais duas cidades pequenas na sua ofensiva a Leste.

A agência de notícias russa Interfax escreve que as forças de Kiev terão destruído o quartel-general dos separatistas na cidade de Artemivsk, a sul de Slaviansk.

Para este sábado, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e da Rússia tinham previsto reunir-se com representantes do movimento separatista para discutir um novo cessar-fogo multilateral. Um acordo de tréguas anterior vigorou apenas durante dez dias e foi violado de parte a parte, acabando por expirar na última segunda-feira. Foi então que o Presidente anunciou uma ofensiva para retomar as cidades dominadas pelos rebeldes pró-russos.

Tudo depende, diz a BBC, do que farão agora os rebeldes com esta "retirada táctica". Se debandaram ou se se terão posto em marcha em massa para Donetsk, onde podem apresentar um desafio grande às forças militares do Governo. Testemunhas relataram ter visto um grande número de combatentes sair de Kramatorsk em direcção a Donetsk.

Por outro lado, esta derrota pode levar os rebeldes a aceitar um cessar-fogo, mesmo que seja para ganhar tempo. Tem havido muitas movimentações diplomáticas para tentar voltar a conseguir um cessar-fogo no conflito que deixou já mais de 200 mortos.
 

   





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