Obama e Erdogan insistem na saída de Assad

“Estamos os dois de acordo sobre o facto de que Assad deve partir”, disse o Presidente dos EUA. Human Rights Watch denuncia tortura em Raqa.

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Os dois líderes estão unidos na oposição a Assad AFP

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, voltaram a exigir a saída do Presidente sírio, Bashar al-Assad, embora o líder norte-americano reconheça que não há uma “fórmula mágica” para acabar com a guerra na Síria.

“Estamos os dois de acordo sobre o facto de que Assad deve partir”, insistiu Obama numa conferência de imprensa conjunta, quinta-feira, depois de ter recebido Erdogan na Casa Branca, em Washington, no âmbito de encontros preparatórios de uma conferência sobre a Síria que os Estados Unidos e a Rússia marcaram para Junho, na Suíça.

Os dois países têm defendido a necessidade de uma mudança de regime em Damasco.

“É preciso que ele transmita o poder a uma autoridade de transição, é a única maneira de resolver esta crise […] Quanto mais cedo melhor”, disse o Presidente dos Estados Unidos. Obama comprometeu-se a “continuar a aumentar a pressão sobre o regime de Assad e a cooperar com a oposição síria”.

Erdogan, que já chamou “carniceiro” a Assad, tem apelado à adopção por Washington de uma atitude mais dura para com Assad. Na quinta-feira, ao lado de Obama, disse: “Pôr fim a esta situação sangrenta na Síria e responder às aspirações legítimas [dos sírios] estabelecendo um novo governo são dois assuntos sobre os quais estamos totalmente de acordo com os Estados Unidos”.

Segundo a BBC, Obama voltou também a dizer  após o encontro com Erdogan, que apesar de os Estados Unidos terem provas de que foram usadas armadas químicas na Síria, são necessárias mais informações. A declaração confirma anteriores posições norte-americanas.

O líder norte-americano referiu-se também a um assunto particularmente importante para a Turquia – o elevado número de refugiados sírios, que já levou o governo de Erdogan à Europa e aos Estados Unidos para receberem sírios e ajudarem no apoio que lhes é prestado. Obama saudou a “extraordinária generosidade” do aliado turco que tem cerca de 400 mil refugiados no seu território. Disse também que Ancara vai “desempenhar um papel importante quando reunirmos representantes do regime e da oposição nas próximas semanas”.

Obama aludiu ao chamado processo de Genebra, nascido em Junho de 2012 e relançado na semana passada pelos Estados Unidos e pela Rússia (aliada do regime de Assad). O processo prevê a organização de uma conferência internacional para discutir a transição na Síria, no início de Junho.

Mas o diálogo não será fácil. Os rebeldes que combatem o regime consideram indispensável o afastamento de Assad . Mas nem a Rússia – que quer a presença do Irão e da Arábia Saudita na conferência – nem o regime sírio aceitam a sua exclusão do processo.  

Denúncias de tortura
A Human Rights Watch anunciou por seu lado, nesta sexta-feira a descoberta de documentos e instrumentos que provam ter havido tortura de detidos nas instalações dos serviços de segurança da cidade de Raqa, no Norte da Síria. Esta foi a primeira capital provincial conquistada, em Março, pelos opositores do regime.

“Os documentos, celas, salas de interrogatório e instrumentos de tortura que vimos correspondem às torturas invocadas por antigos detidos desde o início da revolta na Síria”, disse um responsável da organização não-governamental.

A guerra na Síria fez mais de 94 mil mortos até agora, segundo os dados do Observatório Sírio dos Direitos do Homem e ultrapassou fronteiras. No sábado, 46 pessoas morreram e mais de uma centena foram feridos num atentado numa cidade fronteiriça do Sul da Turquia onde vivem milhares de refugiados da guerra civil da Síria. A Turquia anunciou a detenção de nove suspeitos alegadamente ligados aos serviços secretos de Bashar al-Assad. Damasco diz que responsabilidade pertence ao Governo turco.

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