Jovanka Tito, que durante três décadas foi a primeira-dama da Jugoslávia, e que viu o país construído pelo seu marido, o marechal Tito, desfazer-se numa guerra fratricida na década de 1990, morreu neste domingo, aos 88 anos, num hospital em Belgrado, na Sérvia.

A televisão estatal RTS noticiou que Jovanka Tito, a terceira mulher de Josip Broz Tito, foi vítima de uma paragem cardíaca. Vivia em isolamento desde a morte do seu marido, em 1980, numa mansão mal conservada e propriedade do Estado na capital sérvia, sem passaporte ou bilhete de identidade. Para ela, o seu país tinha deixado de existir após a dissolução da Jugoslávia.

Nascida na Cróácia, Jovanka Tito juntou-se aos partisans de Tito, os resistentes que lutaram contra as tropas de Hitler na Segunda Guerra Mundial, tornando-se enfermeira. Mais tarde foi secretária pessoal de Tito e finalmente tornou-se a sua terceira mulher, em 1952 – Tito era 32 anos mais velho que ela.

Jovanka tornou-se um modelo de elegância num país empobrecido pela guerra, e chegou a conhecer e a relacionar-se com Elizabeth Taylor, Richard Burton e outras estrelas do cinema internacional, que rodavam filmes na Jugoslávia dos anos 60.

Quando Tito deixou de aparecer em público, devido a uma doença no final dos anos 70, os seus colaboradores voltaram-se contra ela, desconfiados da influência que ela teria sobre o líder, e confinaram-na a uma prisão domiciliária, privando-a dos seus documentos de identidade. Ela não terá visto o seu marido durante os seus últimos três anos.

A última aparição em público de Jovanka Tito foi durante o funeral oficial de Tito, que morreu em Maio de 1980, depois de ter dirigido durante 35 anos a república federal socialista.

A viúva de Tito iniciou em 1983, juntamente com outros herdeiros do Presidente jugoslavo, um processo pela herança do seu património, cujo valor nunca foi revelado. Morreu sem ver o fim desse processo.