Israelitas e palestinianos discutem formato das negociações ao jantar

Os dois lados encontram-se de novo esta terça-feira para acertar calendário das questões a abordar.

Foto
O jantar que marcou o início das conversações israelo-palestinianas Yuri Gripas/Reuters

“Não há realmente muito para falar”, brincou o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, no início do jantar que na segunda-feira juntou israelitas e palestinianos para as primeiras conversações formais desde 2010.

Kerry tinha pedido a ambos os lados que refreassem as declarações públicas sobre as negociações, argumentando que estas terão mais hipóteses se forem mais silenciosas.

No entanto, ambas as partes têm discordado publicamente desde logo sobre as primeiras questões a abordar, o timing e a sequência das discussões – Israel quer todas as questões discutidas ao mesmo tempo, os palestinianos querem começar com fronteiras e segurança. E ainda na segunda-feira, Mahmoud Abbas, o líder da Autoridade Palestiniana, falou de uma das suas expectativas para um acordo: que não haja presença israelita no futuro Estado palestiniano: “Numa resolução final, não vemos a presença de um único israelita – civil ou soldado – no nosso território”.

Mas Kerry não se deixa desanimar. “Se fosse fácil, já o teríamos feito há muito”, concluiu, referindo-se à negociação. E sublinhou quão “especial” era que os representantes israelitas (Tzipi Livni e um conselheiro do primeiro-ministro) e palestinianos (Saeb Erekat e um conselheiro do presidente) se juntassem no tradicional jantar de iftar, com que se assinala o fim de jejum de cada dia durante o Ramadão.

Para já, os dois lados estão a discutir questões de forma – formato, calendário (para já foi avançado que se esperam nove meses de conversações) e localização. Se tudo correr bem, diz a correspondente da BBC em Washington, Kim Ghattas, a próxima ronda de conversações deverá ocorrer no Médio Oriente, sob a supervisão do antigo embaixador em Israel Martin Indyk, que será o representante norte-americano..

Vozes pessimistas sublinham os perigos, especialmente a oposição interna de ambos os lados, com os colonos em Israel (qualquer concessão territorial determinará a oposição de um partido na coligação do Governo e assim a sua queda) do Hamas (no poder na Faixa Gaza). Mas também há vozes optimistas, dizendo que toda a turbulência no mundo árabe e o desejo dos líderes deixarem a sua marca na História poderá levar a um resultado.
 

Sugerir correcção
Comentar