Europa critica estados-membros por não responderem com rapidez ao tráfico de pessoas

Há cada vez mais vítimas de tráfico de seres humanos na Europa, alerta Comissão Europeia. Mais de 23 mil vítimas dentre 2008 e 2010.

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Cecilia Malmström, comissária para os Assuntos Internos, durante a apresentação dos dados AFP

A Comissão Europeia apontou que são cada vez mais numerosas as vítimas de tráfico de seres humanos dentro da União Europeia e manifestou, esta segunda-feira, a sua "desilusão" por os estados-membros estarem a ser "lentos" a responder a este fenómeno.

De acordo com números da Comissão Europeia – resultantes do primeiro relatório sobre tráfico de seres humanos na Europa –, mais de 23 mil pessoas foram vítimas identificadas ou presumíveis de tráfico no espaço comunitário entre 2008 e 2010, tendo havido um aumento de 18% do número de vítimas mas um decréscimo do número de condenações por esse crime (menos 13%).

Segundo o relatório, o número de vítimas identificadas em Portugal foi de 25 em 2008, 24 no ano seguinte e apenas oito em 2010.

Sublinhando que os números disponíveis para o conjunto dos 27 países da União Europeia (UE) devem ficar muito aquém da realidade, constituindo apenas a “ponta do iceberg”, a Comissão – que cita um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), segundo o qual há 880 mil pessoas na UE que são vítimas de trabalho forçado, incluindo exploração sexual – lamenta que os estados-membros não estejam a dar a resposta adequada ao fenómeno.

Bruxelas aponta que, no passado dia 6, expirou a data para os estados-membros transporem para as respectivas legislações nacionais as disposições na directiva (lei comunitária) da UE sobre luta contra o tráfico de seres humanos, mas até ao momento apenas seis países o fizeram, três apenas parcialmente, e os restantes 16, entre os quais Portugal, não comunicaram ainda a transposição.

“É difícil imaginar que nos nossos países livres e democráticos da UE, dezenas de milhares de seres humanos sejam privados da sua liberdade e explorados e comercializados como mercadorias para a obtenção de lucros (…) Fico muito desiludida por constatar que, apesar desta tendência alarmante, poucos países aplicam de facto a legislação em vigor neste domínio. Insto os países que ainda não o fizeram a cumprirem as respectivas obrigações”, exortou a comissária para os Assuntos Internos, Cecilia Malmström.

Segundo os dados da Comissão, a maior parte das vítimas registadas (62%) foram traficadas com vista à exploração sexual, e a maioria são oriundas da Roménia e da Bulgária, no que diz respeito aos Estados-membros da UE, e da Nigéria e da China, entre países terceiros.

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