China apreende 10,6 mil milhões de euros a familiares e colaboradores de antigo responsável chinês

Mais de 300 pessoas com ligações a Zhou Yongkang - que foi membro do Comité Permanente do Politburo - foram inquiridas ou detidas.

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Zhou Yongkang, o dirigente sob investigação. Jason Lee/Reuters

As autoridades chinesas apreenderam património no valor de mais de 90 mil milhões de yuans (10,6 mil milhões de euros) que pertencia a familiares e outras pessoas com ligações ao antigo responsável da segurança interna e um dos políticos mais influentes da China, Zhou Yongkang, que está no centro de um dos maiores escândalos de corrupção.

De acordo com fontes citadas pela Reuters, mais de 300 pessoas, entre familiares, aliados políticos, protegidos e membros do seu staff, foram detidas ou inquiridas nos últimos quatro meses.

A dimensão das apreensões e a escala das investigações que estão a ser levadas a cabo, e que até agora nunca tinham sido reveladas, transformam este num caso sem precedentes e mostram que o Presidente chinês, Xi Jinping, parece estar disposto a combater a corrupção ao mais alto nível. Mas pode também ser a resposta às posições tomadas por Zhou Yongkang, que se opôs à destituição do ex-político Bo Xilai, que em Setembro foi condenado a prisão perpétua por corrupção e abuso de poder.

Zhou, de 71 anos e que foi membro Comité Permanente do Politburo — a cúpula do poder na China —, está em prisão domiciliária desde o ano passado, quando começou a ser investigado.

Duas fontes contactadas pela Reuters afirmaram que os investigadores e o organismo de combate à corrupção do partido congelaram o acesso a contas bancárias no valor de 4,4 mil milhões de euros e apreenderam títulos e acções nacionais e estrangeiras no valor de seis mil milhões de euros, na sequência das buscas realizadas a várias casas nas cidades de Pequim e Xangai e em cinco províncias.

Os investigadores confiscaram ainda 300 apartamentos e casas, antiguidades, obras de arte contemporânea e 60 veículos. Entre os bens aprendidos, relata a Reuters, figuravam ainda ouro, prata e dinheiro em moeda nacional e estrangeira.

Os relatos revelam ainda que o património apreendido pertencia aos suspeitos detidos e que a maioria dos bens não estava em nome de Zhou Yongkang.

Ainda de acordo com as fontes citadas pela Reuters, mais de uma dezena de familiares de Zhou foi detida, incluindo a mulher, Jia Xiaoye, o seu filho mais velho de um outro casamento, Zhou Bin, os seus sogros e o irmão do antigo responsável pela pasta da segurança interna.

Sob investigação estão também cerca de uma dezena de pessoas que desempenharam cargos oficiais. Entre elas estão Jiang Jiemin, antigo presidente da PetroChina e da China National Petroleum Corporation (CNPC), o antigo vice-ministro da Segurança, Li Dongsheng, e Ji Wenlin, ex-vice governador da província de Hainan. Os meios de comunicação chineses noticiaram que estes três dirigentes estão a ser investigados e todos eram protegidos ou colaboradores de Zhou. A Reuters não conseguiu contactar nenhum dos três homens.

Mais de 20 guarda-costas, secretárias e motoristas de Zhou Yongkang foram detidos, e outros membros da sua família e colaboradores foram investigados.

No poder há pouco mais de um ano, o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu travar uma batalha contra a corrupção, que considera uma das maiores ameaças ao domínio do partido, e varrer a hierarquia do poder de cima a baixo. Aquilo a que chamou “tigres” e “moscas”, referindo-se às grandes personalidades do regime e aos pequenos funcionários.

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