Centenas de macaenses juntam-se em protesto solidários com Hong Kong

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Em Hong Kong, alguns jovens com os laços amarelos ao peito descansam depois de se manifestarem AFP

"É o nosso futuro, o que pretendemos, mas queremos que nos oiçam de forma pacífica, ordenada e queremos mostrar que este movimento solidário com Hong Kong, que já abrange 63 cidades no mundo, quer o bem e quer realizar a vontade popular de Hong Kong", disse Edwin Hoi, um dos elementos que integraram a manifestação, exigindo mais democracia mas o respeito dos direitos cívicos.

De forma pacífica, o dia 1 de Outubro, o Dia Nacional da China é aproveitado para contestar nas ruas, e ruidosamente, as políticas do Governo local e da China face a Macau. Desta vez, a concentração de jovens visou mostrar "solidariedade" para com os cidadãos de Hong Kong e "serviu de apelo" às polícias da antiga colónia britânica "para que não voltem a usar a força contra uma população pacífica e indefesa", sublinhou Edwin Hoi.

Com um contingente policial que não era muito visível e que até foi diminuindo, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "liberdade para Hong Kong".

Entre a assistência, sentada no chão da Praça da Amizade, um desenho do arquitecto português Carlos Couto, responsável pelo design do Pavilhão de Portugal na Exposição Mundial de Xangai, estavam caras conhecidas da política local, os deputados pró-democratas Ng Kuoc Cheong e Au Kam San.

Ng Kuoc Cheong saudou o movimento dos estudantes quer em Macau quer em Hong Kong, lembrou o "desejo" dos povos das duas Regiões Administrativas Especiais em escolherem o seu chefe do Governo e disse que, se em 2019 Macau tiver o poder de escolher o seu líder mesmo triado por um grupo favorável a Pequim, essa escolha não é a ideal, mas é melhor do que a que existe hoje. "Não é o ideal a população escolher alguém entre candidatos previamente seleccionados, mas é melhor do que existe hoje", sublinhou, ao lembrar que ele próprio apresentou à sociedade um plano de desenvolvimento democrático em Macau que prima pela visão "gradualista" e não "radicalista".

"Não será o ideal, mas será um avanço rumo ao que queremos atingir", voltou a dizer Ng Kuoc Cheong ao salientar ainda que o desenvolvimento "é feito de passos" e não de "rupturas".

Já Mark, um quase sexagenário funcionário de um casino local, estava na praça para apoiar o filho, um dos promotores do evento e garantia que a "forma pacífica da manifestação irá, no futuro, ser muito importante". "Veja estes jovens, veja como eles estão calmos reivindicando o seu futuro, veja como se comportam que nem a polícia está aqui porque percebeu rapidamente que uma nova forma de protesto está a nascer em Macau", disse, orgulhoso.

Com centenas de pessoas de laço amarelo no peito, uma cor de "liberdade" que pretende vincar o movimento, Mark perdia-se junto daqueles que ouviam e gritavam palavras de ordem e de estímulo para Hong Kong, e dizia, depois de confirmar que o jornalista era português, que "Macau vai crescer", salientando o crescer, já em inglês, como o desejo de desenvolvimento do processo político.