Angela Merkel foi a Atenas apoiar a Grécia a seguir "no caminho certo"

Em visita de seis horas a Atenas, chanceler alemã elogia as "promessas cumpridas" pelo Governo de Antonis Samaras mas avisa que ainda há reformas por fazer.

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O Governo grego cortou o acesso ao centro de Atenas para a visita da delegação alemã Kostas Tsironis/Reuters

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse esta sexta-feira na Grécia que acredita “firmemente” na capacidade de recuperação do país, e estimou que “depois de uma fase muito muito dura” de crise, as oportunidades voltarão a surgir. “E nós continuaremos a apoiar a Grécia e o povo grego no caminho certo”, prometeu.

De regresso a Atenas para assinalar o sucesso da primeira operação de emissão de dívida pública em quatro anos, a líder alemã deixou uma mensagem de “esperança” na capacidade de reintegração da economia grega nos mercados internacionais. “Fiquei muito satisfeita. O resultado prova que a confiança na Grécia voltou”, considerou, referindo-se à operação que rendeu cerca de 3000 milhões de euros ao Tesouro, com um prazo de cinco anos e uma taxa de juro inferior a 5%.

Mas a breve visita de seis horas de Angela Merkel – a segunda em 18 meses – destinava-se principalmente a reforçar o seu apoio às medidas drásticas de austeridade aplicadas pelo Governo de coligação dirigido pelo conservador Antonis Samaras. “O país está a cumprir as suas promessas. Acredito que quando todas as reformas necessárias forem concretizadas – e algumas ainda permanecem por fazer – a Grécia terá mais oportunidades que dificuldades”, declarou a líder alemã.

A presença de Merkel foi apresentada pelo vice-primeiro ministro e ex-responsável pela pasta das Finanças, Evangelos Venizelos, como a prova de que o país “abriu um novo capítulo” no seu programa de reformas da economia. Porém, o tom optimista dos dirigentes gregos contrastava com a avaliação da agência de notação financeira Fitch, que esta sexta-feira avisou que a emissão não resolvia os problemas financeiros do país, cuja taxa de endividamento público ultrapassa os 170% do PIB.

Segundo os analistas, a Grécia continuará incapaz de sustentar o seu financiamento de forma autónoma quando o programa de resgate se esgotar, no fim do ano. Além disso, “o risco político para a reforma e a consolidação permanece elevado, e a fatiga da austeridade reflecte-se no apoio parlamentar do Governo”, avisou a Fitch.

O Governo grego cortou o acesso ao centro de Atenas para a visita da delegação alemã, e destacou cerca de sete mil agentes da polícia para reforçar a segurança na capital. A última visita de Angela Merkel ficou marcada por violentas manifestações; na quinta-feira, um carro armadilhado explodiu junto às instalações do banco central da Grécia.

A polícia informou que não seriam concedidas autorizações para manifestações ou outras acções políticas durante a visita oficial de Angela Merkel, mas mesmo assim, o partido de extrema-esquerda Syriza e a central que agrupa os sindicatos do sector público apelaram à presença de manifestantes na rua em protesto contra o “prolongamento da austeridade e da acção destrutiva do Governo apoiado pela Alemanha”, dizia um comunicado.

Criticando o cordão de isolamento que cercou a delegação alemã, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, convidou a chanceler a “visitar um hospital para testemunhar as condições terceiro-mundistas, ou uma escola onde os professores lutam para ensinar crianças malnutridas”. O Syriza está à frente das sondagens sobre as intenções de voto nas eleições europeias de 25 de Maio – fontes de Bruxelas citadas pela Reuters revelaram que a emissão de dívida foi propositadamente agendada para a véspera da visita de Angela Merkel para ajudar a campanha do partido Nova Democracia do primeiro-ministro.

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