Adolfo Suárez, o primeiro chefe de Governo da Espanha pós-Franco, está à beira da morte

"Estamos perante um horizonte que não ultrapassa as 48 horas", disse o seu filho.

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Adolfo Suárez foi nomeado presidente do Governo espanhol em 1976 DR

Adolfo Suárez, o primeiro chefe do Governo espanhol depois da ditadura franquista e uma das figuras da transição democrática no país, está à beira da morte, anunciou esta sexta-feira o seu filho.

A saúde de Suárez, de 81 anos e que sofre de Alzheimer há 11, agravou-se e "tudo leva a crer que a sua morte está iminente", disse Adolfo Suárez Illana, numa conferência de imprensa na clínica onde o pai está internado, em Madrid.

"A doença progrediu muito. [A morte] está iminente e pode chegar mais cedo do que pensamos. Já recebeu os sacramentos e está em paz. Mas estamos perante um horizonte que não ultrapassa as 48 horas".

"Estes últimos dias foram felizes. Ele sorriu-nos mais vezes do que nos últimos cinco anos", disse o filho, explicando que o pai não se lembra que foi chefe do Governo.

Suárez foi hospitalizado na segunda-feira com uma infecção respiratória, que a família considerou "normal" dentro do seu quadro clínico.

Adolfo Suárez foi nomeado presidente do Governo espanhol, em 1976, pelo rei Juan Carlos. Juan Carlos chegara ao trono quando Francisco Franco morreu, no dia 20 de Novembro de 1975, e o jovem rei era próximo do político Suárez.

No período de transição, o Governo de Suárez adoptou as principais reformas que permitiram à Espanha passar da ditadura à democracia: legalização de todos os partidos políticos, amnistia para os presos políticos e a redacção, depois de aprovada em referendo em 1978, de uma nova Constituição.

O mandato de Adolfo Suárez foi ratificado nas primeiras eleições democráticas, a 15 de Junho de 1977, às quais se apresentou como chefe do partido centrista União do Centro Democrático.

Conseguiu uma segunda vitória, em 1979, mas as tensões internas no partido – e privado do apoio do rei – levaram-no à demissão, em 1981. Pouco depois, a 23 de Fevereiro, ocorreu a tentativa de golpe de Estado travada pelo rei. 

Adolfo Suárez ainda concorreu às eleições de 1982, agora à frente de um novo partido centrista, o Centro Democrático e Social, mas foi derrotado pelo socialista Felipe Gonzalez. O centro acabaria por se fragmentar e desaparecer.

O filho de Adolfo Suárez disse que, nos 11 anos da doença do pai, o rei Juan Carlos esteve "sempre presente". "Juntos, eles mudaram o curso da História de Espanha. Graças ao rei, ele foi presidente do Governo, graças ao rei, ele pôde fazer o que quis num momento único da História de Espanha".

Adolfo Suárez, que nasceu em Cebreros, na província de Ávila, é viúvo e teve cinco filhos. A mulher, Amparo Illana, e uma das filhas morreram, respectivamente, em 2001 e 2004.

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