"Democracia angolana é uma farsa", diz jornalista Rafael Marques

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Rafael Marques chamou a atenção para a situação "dramática" dos prisioneiros de guerra DR

A democracia em Angola é uma "farsa", as violações aos Direitos Humanos são uma "tragédia" e a liberdade de imprensa é ainda uma "miragem", com os órgãos privados a continuarem a sofrer "bloqueios" da parte governamental. São estas as considerações feitas pelo poeta e jornalista angolano Rafael Marques.

O jornalista, também dirigente da organização Open Society Foundation, encontra-se actualmente em Lisboa, após um impedimento de meses de sair de Angola, na sequência de um processo judicial que envolveu o Presidente José Eduardo dos Santos.A este propósito, Rafael Marques, condenado por crimes de injúria e difamação a uma pena de seis meses de prisão e pagamento de uma indemnização de 3000 contos, alegou não ter ainda sido notificado oficialmente da sentença.
Rafael Marques, que chegou ontem a Lisboa, "em trânsito" para Barcelona, onde participa de 2 a 6 de Maio num congresso sobre a Imprensa na África subsariana, mostrou-se bastante crítico em relação ao poder político em Luanda, considerando-o uma "farsa". "A democracia em Angola é uma farsa. Angola é um país que está aí, que existe, embora grande parte concorde que ainda não é uma nação. Mas a democracia é uma farsa, o sistema de governação é uma farsa, as políticas internacionais em relação a Angola são também uma farsa, a própria intervenção das Nações Unidas também é uma farsa e até Portugal é uma grande farsa", defendeu à Lusa.

Situação dos Direitos Humanos em Angola é "uma tragédia"

Para Rafael Marques, a situação dos Direitos Humanos em Angola é uma "tragédia" e "continua péssima", dado que a guerra, "ela própria uma flagrante violação", acarreta a morte e a deslocação de milhares de cidadãos, "as principais vítimas do conflito".A questão dos prisioneiros de guerra, "de um e de outro lado", é também "dramática", sublinhou Rafael Marques. "Não há uma ideia concreta sobre o que é feito dos prisioneiros de um e doutro lado. Há um conhecimento geral de que os prisioneiros da UNITA são remobilizados como membros do Exército angolano e passam a combater os seus antigos companheiros", afirmou.

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