"Até amanhã, camaradas" vai ser série de TV

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Adaptação de romance emblemático de Álvaro Cunhal terá mais de 140 personagens dirigidas por Joaquim Leitão DR

“Quero fazer este projecto com todo o rigor porque quero prestar uma homenagem a quem durante o fascismo lutou”, afirma ao PÚBLICO Tino Navarro, produtor da série televisiva “Até amanhã, camaradas”, feita a partir da obra emblemática escrita por Álvaro Cunhal, na cadeia de Peniche, durante os anos 50.

Com o início das filmagens marcado para 5 de Janeiro, a passagem a série televisiva é uma aposta levada a cabo por Tino Navarro com “grande empenho e forte ligação”. O produtor garante querer “reconstruir com rigor a época e fazer uma adaptação rigorosa do livro” que retrata a luta clandestina do PCP nos anos 40 e que durante décadas funcionou em Portugal e funciona ainda no estrangeiro como referência das regras de luta política clandestina.

“É um romance de uma imensa complexidade”, que “envolve cerca de 140 personagens e eu quero mantê-las todas”, afirma Tino Navarro, explicando que essa é a razão porque optou pela forma de uma série de seis episódios de 50 minutos, num total de 300 minutos: “Esta história num filme de duas horas e meia obrigava a deitar personagens fora perdia a complexidade, falei com o doutor Álvaro Cunhal e acordámos na fórmula de 5 ou 6 episódios”.

A série é coproduzida pela produtora de Tino Navarro, a M.G.N., e a SIC e é ainda financiado pelo ICAM. A realização está a cargo de Joaquim Leitão, depois de, numa primeira fase, ter sido da responsabilidade de Luís Filipe Rocha. Mas, como explica Tino Navarro: “Vimos que não podia ser ele o realizador e então acordámos que ele saía. Optei então pelo Joaquim Leitão, porque queria manter o alto nível do projecto.”

Particular cuidado com a reconstituição

Quanto a actores, Tino Navarro mantém o segredo e não revela nomes. Apenas diz que serão 140 para as 140 personagens e que tanto entrarão “actores com carreira como novos actores”. Num momento em que os ensaios já começaram, o produtor garante que até hoje ninguém recusou um papel neste projecto, mas também avisa: “A preocupação não foi escolher nomes, mas sim os melhores actores disponíveis para cada papel.”

Tratando-se de um filme de época, há uma particular preocupação com a reconstituição, nomeadamente ao nível do “décor” e dos adereços, explica Tino Navarro, que afirma ter por isso entregue a direcção de decoração a João Martins e a direcção de guarda-roupa a Maria Gonzaga, que têm coordenado as equipas que têm trabalhado na produção e na procura de objectos “desde um lenço até um jornal, passado pelos carros”.

A procura dos locais de filmagem é outro aspecto salientado por Tino Navarro, já que há que reconstruir o Portugal rural dos anos 40. As escolhas vão para “sítios encontrados no centro de Portugal, desde Portalegre, ao Vale de Santarém, de Lisboa à Trafaria”. “Já tive locais em que foram recusadas filmagens quando a minha equipa diz que se trata do livro do dr. Álvaro Cunhal. Ainda existem rancores”, revela. Mas garante que isso não o demove do objectivo de “prestar uma homenagem aos militantes anónimos que combateram o fascismo”. E conclui: “Falamos pouco da nossa história, por isso, é para mim importante este projecto”.

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