Vai ser preciso pagar para confeccionar o famoso cozido das Furnas, nos Açores

Quem quiser cozinhar passa a poder telefonar para reservar uma cova no solo. Objectivo da autarquia da Povoação é disciplinar o uso do espaço.

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Prato é confeccionado com os vapores geotérmicos que existem nas caldeiras naturais das Furnas Manuel Roberto/Arquivo

O presidente da Câmara da Povoação, na ilha açoriana de S. Miguel, revelou nesta quinta-feira que os moradores e os turistas, bem como os restaurantes, vão passar a pagar para poderem confeccionar o famoso cozido nas caldeiras naturais da lagoa das Furnas.

"Este é o primeiro passo para uma gestão diferente de todo este espaço [lagoa das Furnas], através da introdução do princípio da prestação de serviço e respectivo pagamento", declarou Carlos Ávila, na sequência da assinatura de um acordo de colaboração com o Governo dos Açores.

O acordo, formalizado nas Furnas entre o presidente da Câmara da Povoação e o secretário regional dos Recursos Naturais, prevê a gestão e manutenção do espaço envolvente da lagoa das Furnas por parte da autarquia. Carlos Ávila referiu que pretende avançar com o pagamento da confecção do cozido das Furnas, na zona das caldeiras, ainda este Verão, mas salvaguardou que os preços irão ser definidos em conjunto com os restaurantes locais.

"Vamos, a partir deste momento, encetar negociações com todos os empresários que utilizam esta zona para a confeção dos cozidos. Queremos ver com eles – porque também lhes prestamos serviço a eles, uma vez que são grandes utilizadores das caldeiras dos cozidos – um preço de utilização das mesmas", declarou o autarca. Carlos Ávila sublinhou que a manutenção das caldeiras das Furnas "acarreta despesas" e que "todos terão de contribuir" para a sua manutenção.

Pancadaria às quatro da manhã
O autarca revelou que os interessados em realizar cozidos nas Furnas deixarão de ter de se deslocar ao local para assegurar uma cova no solo, uma vez que será criado um serviço telefónico para reservas. "Pretendemos desta forma disciplinar o local e acabar com cenas de pancadaria, a partir das quatro da manhã, nas caldeiras das Furnas, justamente para assegurar um lugar para realização dos cozidos", referiu Carlos Ávila.

O autarca revelou que, para além da reserva telefónica de uma cova para fazer o cozido, os interessados poderão igualmente reservar lugares no parque de estacionamento, e mesmo a mesa para os piqueniques, e que pretende criar na lagoa das Furnas, que irá passar a ter um perímetro de segurança, uma zona de lazer e outra náutica a que todos os interessados terão acesso.

O vale das Furnas, onde ficam localizados os vapores geotérmicos em que são confeccionados os cozidos (que são colocados em covas no solo), recebe anualmente milhares de turistas, principalmente na época alta, que usufruem de todo o espaço circundante à lagoa sem qualquer contrapartida financeira.

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