Sistema de alerta para tsunamis foi testado em Setúbal

Um maremoto ameaçou Setúbal mas o alerta chegou a tempo às populações.

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Setúbal ensaiou nesta quinta-feira um sistema para alertar quem vive nas zonas costeiras de que um tsunami está a caminho do continente. No Parque de Albarquel, junto ao cais da Secil, foram realizadas experiências com um equipamento protótipo capaz de detectar antecipadamente a ocorrência deste tipo de fenómenos naturais.

Estiveram envolvidos cientistas europeus e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). A responsabilidade desta experiência esteve a cargo do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia (JRC, na sigla inglesa) um organismo sediado em Bruxelas, que desenvolveu equipamento experimental, constituído por sistemas de medição do nível do mar e por um painel digital informativo.

Fernando Carrilho, cientista do IPMA, disse ao PÚBLICO que, apesar do sistema estar ainda em fase experimental no país, este permitirá fazer “chegar às populações de zonas costeiras” um aviso que permita evacuar o maior número possível de pessoas em caso de maremoto.

O teste efectuado esta quinta-feira em Setúbal pretendia verificar se o sinal enviado pelos sistemas de medição do nível do mar, e transmitido em tempo real, era fidedigno e poderia ser usado eficazmente como mecanismo de alerta para a ocorrência de tsunamis.

Para o testar, um computador vigiava, através de uma simulação, a elevação do nível do mar correspondente a um tsunami. O cenário foi criado com base no conhecimento que há do terramoto de 1755 que devastou Lisboa. Esse violento sismo e o maremoto consequente atingiram a costa sul e ocidental portuguesa e a escolha de Setúbal não foi por acaso: “É uma baía e portanto uma zona vulnerável a um tsunami”, explica o cientista Fernando Carrilho. Mais de cem anos depois do terramoto de Lisboa, um outro sismo de menor intensidade foi sentido em Setúbal, ao que tudo indica com origem no mar, numa falha sísmica mais próxima da costa ocidental.

O especialista do Instituto Português e do Mar e da Atmosfera diz que este sistema “consegue avaliar o potencial de risco, sendo distribuída a primeira informação, após a qual é necessário verificar se as ondas ultrapassam os níveis normais”. Cabe às diversas entidades, como a Autoridade Nacional de Protecção Civil ou os serviços municipais de protecção civil, emitirem os alertas “através dos meios mais adequados, que podem ser SMS”. Depois de confirmado o risco, a população é alertada, com um aviso colocado no painel digital instalado no Parque de Albarquel.

O simulacro, a partir do software desenvolvido por estes cientistas europeus, conseguiu, por exemplo, detectar uma variação de dois metros e meio do nível do mar acima do normal. E pode ser feito por controlo remoto. Este modelo de propagação de ondas tsunami foi desenvolvido pelo Centro Comum de Investigação da Comunidade Europeia no contexto do Sistema de Coordenação e Alerta Global de Desastres.

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