Sessão do Dia do Funchal marcada por entoar de "Grândola" e abandono de dois vereadores

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Alberto João Jardim tem 71 anos e está há 36 anos na presidência do Governo Regional Daniel Rocha/Arquivo

A sessão solene comemorativa dos 505 anos de elevação do Funchal a cidade ficou hoje marcada pelo entoar de "Grândola, Vila Morena" por um cidadão e pelo abandono dos vereadores Costa Neves (expulso do PSD) e Gil Canha (PND).

Um popular começou a cantar a canção "Grândola, Vila Morena" quando o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, que presidiu à sessão, começou a discursar. O homem foi retirado dos Paços do Concelho pela Polícia de Segurança Pública.

Quase em simultâneo, os vereadores Costa Neves e Gil Canha abandonaram a cerimónia e só retornaram à sala quando o presidente do Governo Regional terminou o discurso.

"Saí porque hoje é um dia de aniversário para a cidade e eu não encontrei razões para acolher e atender o presidente se pensarmos o mal que tem feito, os atropelos, o aviltamento que tem dirigido à instituição câmara, inclusive com usurpação de competências", justificou Costa Neves à comunicação social.

Por seu lado, Gil Canha, vereador do PND (o executivo é dirigido pelo PSD), disse ter saído por "uma questão de respeito pela cidade do Funchal", por se opor às obras na linha costeira de construção de um novo cais acostável – “uma obra megalómana” – e por Alberto João Jardim ter vindo a “comportar-se muito mal com a Câmara Municipal do Funchal” nos últimos anos.

O presidente do Governo Regional chegou ao largo do Município, foi cumprimentar Miguel Albuquerque, presidente da câmara e seu rival nas eleições internas do PSD/Madeira realizadas a 2 de Novembro de 2012 (que Jardim ganhou por uma diferença de 142 votos), assistiu às forças em parada, passou revista às mesmas e não cumprimentou os restantes vereadores, como é hábito todos os anos.

Falando como "mandatário da população", exprimiu "sem reservas um grande muito obrigado a todos os que servem” no município e nas suas freguesias" e em particular “àqueles que são forçados a deixar as respectivas funções por imperativo de uma lei que é inaceitável, porque contra o direito do povo escolher livremente quem quiser e pelo tempo que a soberania democrática do povo entender".

No âmbito da lei de limitação de mandatos, Miguel Albuquerque não pode este ano voltar a candidatar-se àquele município por estar já a cumprir o terceiro mandato.

No seu último discurso em sessões celebrativas do Dia do Concelho do Funchal, Miguel Albuquerque considerou ser uma evidência que "os cidadãos rejeitam liminarmente os falsos messianismos ou qualquer servilismo intelectual ou político na organização da sua vida política".

"O Funchal, enquanto capital da nossa região autónoma, cidade cosmopolita e multicultural, tem de continuar a afirmar-se como um baluarte da democracia e da modernidade na construção das suas políticas comuns", declarou.

Todos os intervenientes na sessão comemorativa - também o presidente da assembleia municipal, João Dantas, discursou - manifestaram a solidariedade para com as vítimas dos recentes incêndios florestais nas zonas altas do concelho e realçaram o empenho das várias instituições e pessoas anónimas no combate.

A câmara atribuiu à centenária instituição Recreio Musical União da Mocidade e ao seu maestro Eurico Martins a Medalha de Mérito Municipal de Ouro "pelos seus relevantes serviços prestados à cidade do Funchal".

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