Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai apoiar o Coliseu do Porto com 100 mil euros

Eduardo Paz Barroso foi o nome escolhido para presidir à Associação dos Amigos do Coliseu. Órgãos sociais foram eleitos esta quarta-feira.

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Paulo Pimenta

Desta vez não houve rostos fechados à saída da Assembleia Geral da Associação Amigos do Coliseu. O presidente da comissão executiva do Conselho Metropolitano do Porto (CmP), Lino Ferreira, saiu sorridente, garantindo “ficaram definitivamente designados e eleitos os membros de todos os órgãos sociais”. O novo presidente da Associação dos Amigos do Coliseu é o professor, crítico e jornalista Eduardo Paz Barroso. É a ele e aos restantes membros da direcção que cabe encontrar uma solução financeira para o Coliseu do Porto, mas os novos órgãos contam já com uma grande ajuda – 100 mil euros provenientes da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O nome de Eduardo Paz Barroso foi consensualizado entre os três maiores accionistas dos Amigos do Coliseu – a Secretaria de Estado da Cultura, a Área Metropolitana do Porto (AMP), a Câmara do Porto –, num ano em que cabia à AMP indicar o presidente da associação. Os restantes membros da direcção são o presidente da Direcção Regional da Cultura do Norte, António Ponte (indicado pela Secretaria de Estado) e o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva (em representação da Câmara do Porto). O presidente da mesa da Assembleia Geral é o advogado e líder da bancada social-democrata na câmara, Amorim Pereira.

Está assim ultrapassado o impasse gerado há alguns meses, quando José António Barros, indicado para presidente da associação, consecutivamente, pelos três accionistas, desde a sua constituição, há 18 anos, anunciou que não estaria disposto a continuar no cargo, se não fosse encontrada uma solução financeira para o Coliseu do Porto. A casa de espectáculos apresentou um prejuízo de 129 mil euros, em 2013, e um dos últimos actos de gestão de Barros, antes da renúncia ao cargo, a 3 de Setembro, foi a suspensão dos deficitários concertos Promenade, que deveriam arrancar este mês.

Agora, Lino Ferreira diz que “caberá à nova direcção” traçar um plano que permita voltar a equilibrar as contas do Coliseu, mas Eduardo Paz Barroso começa a sua gestão com uma boa ajuda. “Para já, a única coisa que está garantida e que resulta de um esforço grande da Área Metropolitana do Porto, da Secretaria de Estado da Cultura e do presidente da Câmara do Porto [Rui Moreira], é o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que irá contribuir com 100 mil euros por ano para o Coliseu e, em contrapartida, está fará espectáculos e acolherá as pessoas mais desfavorecidas”, afirmou Lino Ferreira, no final da reunião.  

Este apoio, acrescentou, ainda terá de ser protocolado e, por enquanto, está garantido apenas por um ano. A verba é proveniente do Fundo Rainha Dona Leonor, cujo funcionamento é assegurado pela SCML e pela União das Misericórdias Portuguesas. Lino Ferreira não pôs de lado a possibilidade de novos “mecenas” poderem vir a contribuir para a sustentabilidade do Coliseu, mas garantiu que, agora, “a direcção é que terá de trabalhar”. Sobre a renúncia dos anteriores órgãos sociais, o responsável do CmP desdramatizou a decisão, esclarecendo que “o mandato tinha terminado”.

Sobre Eduardo Paz Barroso, Lino Ferreira afirmou apenas que “os presidentes [dos Amigos do Coliseu] são sempre escolhidos em consenso entre as três partes” e que o crítico “foi a personalidade do Porto que foi encontrada” para esta nova etapa do Coliseu.

Eduardo Paz Barroso é jornalista desde os anos 80 e foi o primeiro director do Teatro Nacional São João, quando Pedro Santana Lopes, actual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, era Secretário de Estado da Cultura. Licenciado em Filosofia e doutorado em Ciências da Comunicação é comentador televisivo, professor universitário e tem comissariado várias exposições.

Amorim Pereira, que já fez parte do conselho fiscal da associação, por indicação da Câmara do Porto, quando era vereador do PSD no último mandato de Fernando Gomes e no mandato de Nuno Cardoso, está satisfeito por regressar à casa que conhece bem e na expectativa que os novos órgãos sociais sejam capazes de dar “um novo fôlego” à casa de espectáculos. “O novo presidente é uma pessoa conhecida, com provas dadas na área cultural e com condições para levar este projecto para a frente. Agora, como costuma dizer o presidente da Câmara do Porto, isso não chega. É preciso ver o envelope”, diz. “O mais difícil é fazer muito com pouco dinheiro”, conclui.

O advogador e vereador social-democrata saudou o apoio da Santa Casa da Misericórdia e mostrou-se convicto que será possível encontrar novos apoios. “O que é preciso é mostrar que há um projecto credível e que esteja no terreno. Nessas condições penso que não será difícil encontrar quem esteja disposto a apoiar esta casa única”, disse ao PÚBLICO.

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