Rui Moreira diz que é ele quem tem a “coordenação geral” do projecto do Bolhão

CDU quer saber a razão para o despacho ter sido emitido agora e a resposta a várias perguntas que continuam por responder.

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De 440 comerciantes, restam 100, segundo o presidente da associação de comerciantes do Bolhão Paulo Pimenta

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, emitiu um despacho em que clarifica que “a decisão de proceder ao restauro do Mercado do Bolhão está consolidada, assentando num modelo público e sob gestão integral da CMP”. Além disso, o autarca acrescenta que lhe pertence “a coordenação geral do ‘Projecto Bolhão’, assim como o respectivo programa”. A CDU quer saber o porquê deste despacho agora e deixa muitas perguntas no ar.

O despacho do presidente da câmara, da passada quinta-feira, parece indiciar que em breve haverá novidades sobre o projecto final de reabilitação do Bolhão, bem como sobre o calendário de obras. Rui Moreira refere, no documento, que “foram já contactados e em certos casos contratualizados ou pré-acordadas condições de contratação de diversos prestadores de serviço externos” à câmara e, por exemplo, que “ao longo das últimas semanas foram sendo accionados meios próprios”, de departamentos tão diversos como o Urbanismo, Via Pública, Património, GOP e os próprios serviços da Presidência, para procederem à “clarificação de opções programáticas e […] recolha e sistematização de informação dispersa pelos vários pelouros”.

O documento refere ainda que “o acompanhamento do projecto de arquitectura – articulado com as outras dimensões do ‘Projecto Bolhão’ que com ele contendam directa ou indirectamente – está cometido ao vereador do pelouro do Urbanismo, arquitecto Correia Fernandes” e que a “gestão operacional” do projecto, sob “supervisão” do próprio Rui Moreira, será entregue “à arquitecta Cátia Meirinhos, administradora-executiva da Gestão de Obras Públicas (GOP), assessorada nessa tarefa pelos drs. Francisco Rocha Antunes e Francisco Neto”.

Satisfeito pelo facto de Rui Moreira afirmar, no despacho, que a reabilitação do Bolhão será feita com base num “modelo público”, os comunistas consideram, contudo, que o documento deixa de fora muitas respostas que gostariam de ver respondidas – como a indefinição em relação ao “modelo de governação” do mercado – e criticam o facto de o autarca nunca usar o termo “comerciantes”, substituindo-o por “operadores”. Os comunistas questionam ainda o porquê do despacho, deixando no ar a “ponderação” de que este “visa resolver problemas no seio da coligação”, ao “arrumar” responsabilidades no processo.

Contactada pelo PÚBLICO, fonte da assessoria de imprensa do município diz, apenas, que “o presidente não comenta documentos internos”. 

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