Ribeiras do Uíma transformam-se num Labirinto Eco-sensorial

Espectáculo inédito é apresentado este sábado na zona de Fiães e Lobão, em Santa Maria da Feira. Uma produção que promete alertar consciências para a necessidade de preservação da natureza

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Adriano Miranda
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Feche os olhos e deixe-se guiar pelas personagens que habitam na floresta, escutando com toda a atenção o som dos animais e do vento, sentindo o cheiro fresco das árvores e das plantas. É este o desafio que lhe é proposto no Labirinto Eco-Sensorial, um espectáculo de teatro sensorial que acontece este sábado, entre as 9h30 e as 22 horas, no cenário natural único do Parque das Ribeiras do Uíma, em Santa Maria da Feira – um corredor ecológico, localizado nas freguesias de Lobão e Fiães, que tem vindo a despertar cada vez mais interesse pela sua biodiversidade. Mais do que um espectáculo, o Labirinto Eco-Sensorial promete proporcionar aos participantes – que podem inscrever-se no local, no próprio dia do evento – uma verdadeira viagem. À descoberta do meio envolvente e também da sua própria consciência.

O espectáculo desenvolve-se ao longo de um percurso de 400 metros, com o participante a ser confrontado com várias cenas, “cada uma delas provocando determinado tipo de estímulos”, desvenda Cátia Lopes, uma das directoras artísticas do projecto. “Por vezes, eliminamos o estímulo visual para aprofundar e apurar os outros sentidos, para levar as pessoas a escutarem e a cheirarem a natureza”, acrescenta a directora artística, sem deixar de notar que, “muitas vezes, estamos a olhar para ela mas não a sentimos, não a respeitamos”. É por esta razão que os mentores deste projecto acreditam que o espectáculo do próximo sábado será, também, “um pretexto para pensarmos como é que o homem e a natureza podem coabitar no mesmo espaço”.

“Acha-se mais importante que uma flor?”, “será que o mundo gira à sua volta?”, são algumas das perguntas que são colocadas, ao longo do espectáculo, aos elementos do público, na certeza de que será a resposta de cada um que irá definir o caminho que poderão seguir ao longo do percurso - tal como num labirinto, cada um tem de fazer as opções. No final, o que se espera é que, mais do que um momento bem passado, cada participante saia do Parque das Ribeiras do Uíma com sentidos muito mais apurados. “Vão questionar-se sobre várias coisas e ter uma visão muito diferente da realidade que os rodeia”, assegura David Santos, outro dos directores artísticos. “Precisamos de parar de pensar que o mundo gira à nossa volta e conseguir estar na pele do outro. E é disso também que a peça fala, da nossa relação com o outro, além da questão da relação Homem-Natureza”, acrescenta David Santos.

O espectáculo, que envolve quase duas dezenas de performers, irá desenvolver-se ao longo de três sessões (manhã, tarde e noite) e está aberto a 190 participantes. Para além da experiência de teatro sensorial, o público terá, ainda, à sua espera um conjunto de actividades paralelas e integradas neste projecto. Junto à entrada do passadiço, na área do parque de manutenção (próximo da ETAR de Fiães), será dinamizado um mercado biológico, bem como concertos intimistas, palestras, danças, terapias corporais e bioenergéticas, jogos infantis e sessões de showcooking – neste caso, sem limite de lotação. São muitas as propostas para levar o público a (re) descobrir a paisagem natural da zona ribeirinha, reabilitada pela câmara municipal e que está dotada de um passadiço suspenso, sinalética com informação sobre a fauna e flora (disponível também em braille) e parque de manutenção. Segundo a câmara municipal, que assume a organização do evento, juntamente com a junta de freguesia de Fiães - com o patrocínio do Grupo Piedade – o Labirinto Eco-Sensorial será a primeira de outras acções culturais inovadoras e diferenciadoras que irão ser realizadas neste território.

Unidos pela paixão da arte para o indivíduo

Cátia Lopes é actriz e David Santos é terapeuta, mas estão ligados pela “paixão pelas artes”. Não tanto a “arte para massas”, mas sim “a arte para o indivíduo”, aquela em que “o público não é apenas mais um no meio da multidão, mas sim um indivíduo”, sublinham. Foi nesse âmbito que, há já algum tempo, decidiram lançar-se na realização de “jantares às cegas”, em Santa Maria da Feira, um projecto que acabou por ser uma aposta ganha e que os levou a continuar a trabalhar, e a formar um grupo a que deram o nome de Sensory Arts. “Fizemos as nossas pesquisas individuais e fomos procurar também, lá fora, quem já faz este tipo de trabalho há alguns anos, nomeadamente o pioneiro do teatro sensorial Enrique Vargas [director do Teatro dos Sentidos de Barcelona] e decidimos aprimorar este lado mais teatral”, enquadra Cátia Lopes.

“Dependendo do tema que abordamos, a palavra pode estar mais ou menos presente. Neste espectáculo em concreto [Labirinto Eco-Sensorial], ela não impera. É necessária, mas não impera. O que impera é o sentido de escuta, de interiorização e de entrega, uma vez que cada pessoa imagina a sua própria viagem, além do que os habitantes do labirinto o levam a escolher”, refere David Santos. Além deste espectáculo de teatro sensorial, Cátia e David garantem ter outros projectos na calha, na certeza de que também não estão descartadas outras apresentações do Labirinto Eco-Sensorial.

 

 

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