Por um dia, a Câmara de Lisboa foi "a maior incubadora do país"

Para assinalar a distinção de Lisboa como Região Empreendedora, o município vai promover um conjunto de actividades ao longo de 2015.

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O edifício da Câmara de Lisboa e a Praça do Município foram tomados de assalto por “mais de 70” startups Miguel Manso

O edifício da Câmara de Lisboa e a Praça do Município foram tomados de assalto por “mais de 70” startups, que ocuparam corredores, salas e gabinetes de trabalho, fazendo com que durante um dia o espaço se transformasse na “maior incubadora de Portugal”. Acompanhada pelo robot Gasparinho, a vereadora da Economia e da Inovação garantiu que em 2015 não faltarão iniciativas para assinalar a distinção de Lisboa como Região Empreendedora.

Esta ocupação dos Paços do Concelho por dezenas de empresas com ideias de negócio consideradas inovadoras, da street food às novas tecnologias, passando por produtos tão diversos como cestas de pic nic ou chás feitos com fruta portuguesa, foi apenas a primeira dessas iniciativas. O programa de actividades da “Lisboa 2015, Capital Europeia do Empreendedorismo” ainda está em construção, mas a vereadora Graça Fonseca já fez saber que incluirá a abertura de um terceiro espaço da Startup Lisboa, em Abril, e a inauguração da Incubadora Criativa da Mouraria, no mês seguinte.

A apresentação pública que se realizou esta quinta-feira foi conduzida pela autarca socialista, que teve ao seu lado um companheiro especial: Gasparinho, um robot de cor branca, olhos azuis, bochechas avermelhadas e a altura de uma criança de dez anos, que foi construído pela empresa IdMind para interagir com os mais pequenos em situações de internamento hospitalar. “A robótica também tem uma função social muito importante”, constatou Graça Fonseca, que com a escolha de tão invulgar parceiro quis dar a conhecer “um dos projectos emblemáticos” que durante todo o dia se instalaram nos Paços do Concelho.

Os representantes de outras quatro empresas nascidas nos últimos anos com o apoio da câmara, a JOBBOX (plataforma de recrutamento no sector tecnológico), a Pharma Assistant (que criou uma caixa de medicamentos “inteligente”), a UniPlaces (um portal de alojamento universitário) e a Village Underground (que converteu contentores marítimos e autocarros em escritórios, uma cafetaria e uma sala de reuniões), usaram da palavra para dar a conhecer aquela que foi a sua experiência e para explicarem aquilo que fazem. Se pessoas como eles “não tivessem decidido arriscar e tentar contrariar a ideia de crise”, sublinhou a vereadora da Economia, “Lisboa não teria ganho nunca” a distinção de “Região Empreendedora 2015”, atribuída pelo Comité das Regiões.

Também o presidente da câmara destacou que se a ideia de “criar um ecossistema empreendedor” (assente em grande parte na Startup Lisboa que por estes dias comemora o seu terceiro aniversário) revelou ser “um sucesso” isso “deve-se aos empreendedores”. Já o município, acrescentou António Costa, “tem orgulho em ter dado um pequeno empurrão para que este processo se iniciasse”.

Em declarações aos jornalistas, o autarca afirmou depois que esse movimento “tem sido uma grande resposta à crise e à forma como é necessário mobilizar a energia das pessoas, a criatividade e a capacidade de iniciativa, para criar emprego e mais riqueza na cidade”.

Discursos feitos, António Costa partiu para uma visita ao edifício, acompanhado por um representante do Comité das Regiões, Thomas Wobben, que elogiou “a estratégia única” que está a ser seguida por Lisboa e avisou que no final do ano este órgão consultivo da União Europeia cá estará para avaliar o trabalho feito.

No fim da cerimónia, que incluiu a actuação do projecto “A música portuguesa a gostar dela própria”, havia dezenas de pessoas a passear-se pelos corredores, salas e gabinetes do primeiro andar, em busca de ideias inovadoras de negócio. Enquanto isso, outras tantas deslocavam-se pelo piso térreo e pelo exterior dos Paços do Concelho, onde ficaram instalados os negócios do ramo alimentar.

A Lisbon Tea Company foi uma das startups que participaram nesta iniciativa, na qual a empresa nascida em medos de 2014 expôs e vendeu os seus chás feitos com vinhos (Madeira, Porto e moscatel) e fruta (maçã verde de Beira Alta, pêra rocha do Oeste, ananás dos Açores, cereja do Fundão e laranja do Algarve), com os quais pretende “promover os produtos portugueses”.

Ernesto Fonseca garante que o negócio “tem corrido muito bem”, podendo os chás da empresa ser adquiridos em “mais de 60 lojas em todo o país”. Num futuro próximo, a Lisbon Tea Company quer estender-se a todo o território nacional e chegar ao estrangeiro, objectivos para os quais poderá contribuir a recente instalação na Start Up Lisboa, com a qual os dois fundadores esperam conseguir “contactos” e “interacção com outras empresas”.

Já Carla Cantante, cuja empresa comercializa cestos feitos por artesãos e toalhas de pic nic com padrões originais criados por designers, vê a instalação naquele equipamento na Baixa de Lisboa como uma oportunidade para “tirar dúvidas, conhecer pessoas e trocar experiências com pessoas que já sabem do negócio”. Alargar a oferta da Anita Picnic a outros produtos ligados ao usufruto do ar livre é uma das ambições da empresária, que admite que é bem vinda uma ajuda quando se quer “tornar numa marca” algo que “nasceu um bocadinho do coração”.      

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