Orçamento de Matosinhos com menos 16 milhões em 2015, um ano ainda sem fundos europeus

O vereador da mobilidade, o comunista José Pedro Rodrigues, votou contra o documento da maioria, num gesto de oposição “leal” e de boa fé, segundo o presidente da Câmara.

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O presidente da Câmara de Matosinhos reiterou a aposta no design e na arquitectura Fernando Veludo/NFactos

A Câmara de Matosinhos não está a contar utilizar fundos comunitários em 2015, um facto que justifica, em parte, a quebra de 16 milhões no orçamento municipal do próximo ano. O documento, que foi nesta quinta-feira aprovado pela maioria liderada pelo independente Guilherme Pinto, contou com o voto contra da oposição (PS e PSD) e do vereador da mobilidade, o comunista José Pedro Rodrigues, que discorda da concessão da recolha de lixo e da municipalização de competências na área da educação.

Guilherme Pinto encaixou com normalidade este voto contra do parceiro da CDU, assumido como uma questão de princípio, ainda que o próprio vereador encontre inúmeros aspectos positivos do Orçamento, nomeadamente na área das preocupações sociais e da afirmação económica de Matosinhos. Esta é uma das áreas que Guilherme Pinto destacou no plano para o próximo ano, que a maioria fez acompanhar de um documento estratégico para os dois anos seguintes, ou seja, para o que resta deste que é o último mandato do autarca antes eleito pelo PS. Em 2015 Matosinhos não conta com fundos europeus do novo quadro comunitário de apoio, mas nos seguintes o autarca promete "boas ideias" para financiamentos da UE.

Com 600 mil euros para o Fundo de Apoio Municipal, do qual Guilherme Pinto discorda, o Orçamento de 2015 ficará pelos 106,5 milhões de euros. Recorrendo à capacidade líquida de endividamento – a autarquia tem contratado um empréstimo de 11 milhões e vai deitar mão aos 3 milhões que, num ano ainda pode pedir na banca – o município promete investir na qualidade de vida urbana, fazendo operações de manutenção em parques infantis, jardins, semaforização, equipamentos (como os próprios paços do concelho ou o Cine-Teatro Constantino Nery), via pública, e habitação social. As duas últimas áreas, pelos custos que implicam, são aquelas em que os trabalhos irão prolongar-se para os anos seguintes, assumiu.

De resto, numa conferência de imprensa realizada antes da reunião de câmara, Guilherme Pinto disse esperar concluir em 2015 obras nas áreas da educação, da habitação e outros equipamentos sociais (áreas que levam 26 milhões de euros). “Acredito que durante vinte anos, Matosinhos não vai ter de fazer mais obra nova nestas áreas”, insistiu o autarca que pretende voltar a atenção para projectos que tornem Matosinhos uma cidade mais aprazível para quem ali viva (o que implica “acalmar” o trânsito, e dar prioridade a bicicletas e peões) e mais atraente para se investir.

No campo económico, o concelho vai inaugurar em 2015 o Espaço Quadra, em Brito Capelo, que se interliga com a Quadra – incubadora de design que funciona no Mercado de Matosinhos. E a partir desta aposta no design – complementar a uma outra, na Arquitectura – o município vai candidatar-se à Rede de Cidades Criativas da UNESCO. Em simultâneo, prevê-se a inauguração da Casa da Memória e da Identidade de Matosinhos no Palacete Visconde de Trevões.

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