Monte de São Brás, em Matosinhos, transformado em Parque Ecológico

Investimento de 1,6 milhões de euros na Quinta Agrícola de Matosinhos vai permitir a quem nasceu em ambiente urbano perceber alguma coisa da vida no campo.

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Quinta agrícola vai ajudar quem vive na cidade a conhecer melhor a vida no campo Enric Vives-Rubio

Podem parecer tempos longínquos aqueles em que os alimentos era colhidos à porta de casa e os animais ora ajudavam nas lides agrícolas, ora eram criados ao ar livre e a preceito para servirem de alimento ao criador. Esses tempos só poderão parecer longínquos a quem nasceu e cresceu em ambiente urbano, e só aprendeu a colher frutas e legumes directamente de uma prateleira. É precisamente para essa população urbana que a câmara de Matosinhos construiu um parque ambiental no Monte de S. Brás, na freguesia de Santa Cruz do Bispo, que tem a Quinta Agrícola como ex-libris de uma área que se estende por três hectares.

O Parque Ambiental do Monte de S. Brás culmina um ciclo de investimento municipal em espaços verdes, nos últimos cinco anos, que ascendeu a quase aos três milhões de euros. A inauguração do novo parque está prevista para dia 11 de Abril.

A componente pedagógica que foi pensada para este Parque Ecológico é aquela que mais a distingue dos investimentos anteriores. “Queremos sensibilizar, sobretudo, as escolas e as famílias para a existência deste espaço, para que ele entre no roteiro de visitas escolares e festas de aniversário onde as crianças possam ter contacto directo com a realidade agrícola”, defende, em declarações ao PÚBLICO, a vereadora do ambiente, Joana Felício.

Entre as várias infra-estruturas do parque sobressai a chamada Casa da Quinta (resultante da recuperação de um edifício rural pré-existente), que vai funcionar como centro de educação ambiental. Dotada de um auditório e uma cozinha regional, o serviço educativo camarário saberá dinamizar o espaço com a organização de eventos destinados ao público infantil, no qual se vai procurar recriar o ambiente tradicional das explorações agrícolas da região no início do século passado.

Esta componente pedagógica é complementada com uma casa para guardar as alfaias, um pomar e um curral onde viverão todos os animais da quinta. A eira destinada a reconstituir actividades tradicionais inerentes à produção agrícola, como a debulha de cereais, também está presente no local. E ainda há uma loja onde vão ser vendidos ao público todos os produtos ligados à actividade da quinta, como sejam os doces e as compotas. Joana Felício sublinha, também, o facto de o Monte de São Brás se vir a transformar numa espécie de viveiro para todas as espécies arborícolas que são usadas no concelho, inaugurando uma lógica de gestão sustentável dos jardins municipais.

“A excelente exposição solar deste terreno permite que as cinco estufas nele instaladas venham a fornecer todas as árvores e plantas ornamentais que vamos usar no futuro”, explica a vereadora da Câmara de Matosinhos. As preocupações com a gestão ambiental também podem ser aferidas pela existência de um lago na parte mais baixa do terreno — com o objectivo de concentrar as águas pluviais que serão depois usadas para a rega.

Com uma área que ronda os três campos de futebol, onde dominam espaços verdes, o parque do Monte São Brás pode também ser um destino de passeio e descanso, já que tem todo o equipamento urbano necessário, como bancos e pérgulas, papeleiras e bebedouros. “Esperamos que este novo parque possa ser aproveitado por muitas famílias em passeio”, salienta a vereadora.

As obras decorreram nos últimos dois anos e ascenderam a 1,6 milhões de euros, mais de metade do bolo conseguido junto das instâncias europeias para financiar infra-estruturas em áreas de reserva agrícola e reserva ecológica. Depois da construção do jardim e parque infantil da Agudela (140 mil euros), do Parque Ambiental da Ribeira de Picoutos (600 mil euros) e do Parque das Austrálias (quase 300 mil euros), o Monte S. Brás fechou o envelope financeiro comunitário destinado aos espaços verdes do concelho.

Parque Basílio Teles vai entrar em obras
Depois de em Janeiro ter terminado a consulta pública que a câmara lançou para a criação de dez novos espaços de cidadania no concelho, a vereadora do ambiente e do urbanismo, Joana Felício, não esconde que entre as opções finais possa caber a construção de novos parques e jardins.

A decisão ainda não está tomada, pelo que o anúncio terá de ser guardado para uma data posterior. O que já está decidido, e vai arrancar em breve, é a requalificação do jardim e parque infantil do Largo Basílio Teles, mesmo defronte ao edifício da Câmara Municipal. “Será uma remodelação profunda, dos espaços ajardinados e do parque infantil, e que vai alterar muito o mapa do jardim, sem o desvirtuar. Trata-se de um jardim clássico muito bonito e muito importante para os matosinhenses”, defende a autarca.

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