O presidente da Câmara de Matosinhos admitiu hoje poder retirar a confiança à Galp depois do incidente registado a 11 de Fevereiro na Petrogal, que resultou na emissão de gás para a atmosfera. "Temos que averiguar se podemos manter a confiança que tínhamos até aqui [na Galp]", afirmou Guilherme Pinto, criticando particularmente o facto de a empresa só ter comunicado a falha técnica ao município mais de uma hora depois de ela ter sido verificada.

O autarca, que falava durante a reunião de câmara, lembrou que "a refinaria está instalada num concelho onde vivem pessoas" que "têm direito de estar informadas sobre uma situação tão grave". O Serviço Municipal de Proteção Civil começou às 18h15 de dia 11 de Fevereiro a receber chamadas de munícipes que alertavam para um "forte cheiro a gás com especial incidência na via pública" mas só às 19h30 recebeu informação da segurança da refinaria.

"Houve uma falha técnica num dos equipamentos e que após tentativa de solucionar o problema foi libertado um produto para a atmosfera", pode ler-se no relatório do serviço municipal de proteção civil esta terça-feira levado à reunião de câmara. Segundo o mesmo documento, os serviços da câmara foram então também informados que "a situação estava controlada e não havia motivos para alarme pois o produto libertado não era tóxico para a saúde pública".

O incidente na refinaria de Matosinhos, no distrito do Porto, levou mesmo a que o cheiro a gás se fizesse sentir para além daquele concelho e até à Maia e Santo Tirso. E levou, inclusive, a que fossem acionados os procedimentos de segurança internos da fábrica da Unicer, em Leça do Balio, a cerca de 14 quilómetros de distância, resultando na evacuação de edifícios daquela empresa, como referiu então à Lusa fonte oficial. 

O procedimento da empresa não deixou descansado o município. "Temos de voltar a ver a pente fino todas as questões entre nós e a Galp", afirmou o presidente da Câmara de Matosinhos.  No próprio dia Guilherme Pinto criticou o "comportamento inqualificável" da Galp por não ter informado a autarquia da situação e afirmou que "o que aconteceu foi uma coisa inqualificável, porque mais uma vez, por erro humano", a cidade de Matosinhos esteve sujeita "a uma situação deplorável de emissão de gás durante toda a tarde". "Mas, pior do que isso, é que a Petrogal não contactou ninguém, não procurou ninguém, porque pensa que é um Estado dentro do Estado", acrescentou.

Também no mesmo dia o porta-voz da Galp, Pedro Marques Pereira, explicou, sem reagir às declarações de Guilherme Pinto, que o que ocorreu foi uma "ineficiência no processo que foi prontamente resolvida sem quaisquer consequências para além da libertação de odores".