Marginal entre as pontes Luiz I e Maria Pia passa a ter ciclovia e varandas para peões

Requalificação significa um investimento das Águas do Porto de 420 mil euros e foi projectada pelo arquitecto Manuel Fernandes de Sá, responsável pelo desenho da marginal junto à Alfândega.

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São 1,2 quilómetros de marginal que vão mudar de rosto. A empresa municipal Águas do Porto aproveitou uma intervenção no subsolo da Avenida Gustave Eiffel para convidar o arquitecto Manuel Fernandes de Sá a requalificar a via à superfície. O arquitecto, que já fora responsável pela requalificação da marginal na zona da Alfândega, criou um projecto em que há espaço para os peões, as bicicletas e o trânsito motorizado. E nem se esqueceu dos pescadores.

O projecto foi apresentado na tarde desta quinta-feira, pelo presidente das Águas do Porto, João Matos Fernandes, o arquitecto Manuel Fernandes de Sá e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. Matos Fernandes explicou que a empresa municipal aproveitou a intervenção em curso na marginal, da instalação de um interceptor de saneamento, que irá ligar a Estação Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Sobreiras à do Freixo, para avançar, em simultâneo, com a requalificação de uma parte da marginal que tem estado abandonada.

O arquitecto convidado para realizar o projecto mostrou os desenhos da nova avenida, em que o muro junto ao rio Douro irá continuar praticamente inalterado, e com o passeio actual e a via de rodagem a ganharem novas formas que permitirão a existência de um passeio largo para peões, uma ciclovia, uma faixa de rodagem de largura reduzida (ficará com a mesma largura da via em frente à Alfândega, 6,20 metros) e, em certas zonas junto à escarpa, baias de estacionamento. “Serão criados 90 lugares de estacionamento formais”, explicou Fernandes de Sá.

A avenida não vai ser, contudo, totalmente uniforme já que a diferente largura que assume ao longo do percurso entre as pontes Luiz I e Maria Pia obrigou a criar alguns espaços adicionais para os peões nas zonas em que o passeio ficava demasiado estreito. O gabinete de Fernandes de Sá resolveu o problema criando “varandas” metálicas sobre o rio Douro, que serão incorporadas sempre que o passeio para peões fica mais estreito do que 1,5 metros. O arquitecto prevê que sejam criadas três destas “varandas de substituição” e cinco varandas mais pequenas, de fruição da paisagem e não só.

“As varandas mais pequenas são o resultado de uma conversa muito engraçada que tive com membros do clube de pescadores que ali há e que me indicaram os sítios onde há peixe”, disse Manuel Fernandes de Sá. Ou seja, estas cinco varandas são, sobretudo, para os pescadores e deverão ser mesmo munidas de suporte para as canas.

Mas, se há zonas em que a avenida fica mais estreita, também há uma área, sensivelmente a meio do troço a intervencionar, onde esta se torna generosamente mais larga e, também aí, quem ganha são os peões. Uma das imagens que o arquitecto preparou para os jornalistas mostra bancos instalados no passeio, à sombra de algumas árvores, com pessoas de faz de conta a gozar o descanso. “A ideia é criar aqui uma zona de estadia onde se pode estar a ver o rio”, disse. Uma zona similar está pensada para o sopé da ponte Maria Pia, onde termina a intervenção.

O responsável das Águas do Porto explica que a requalificação projectada para a avenida significa um investimento da empresa de 420 mil euros que acrescem no orçamento de 3,7 milhões para a obra do interceptor de saneamento já em curso (o concurso foi lançado ainda em 2012, durante o mandato do anterior executivo e é financiado por fundos comunitários, mas não o projecto actual). Em relação ao tempo previsto de obra, Matos Fernandes garante que o projecto de requalificação não irá trazer grandes alterações aos prazos iniciais. “A empreitada deveria estar pronta em Março e, com a requalificação da avenida, o prazo apontado é final de Maio”, disse, garantindo que as obras estarão prontas “confortavelmente, antes do S. João”.

Rui Moreira afirmou que está “a cumprir o programa” apresentado às eleições e que defendia que “a fruição” que se vive no coração da Ribeira deve ser “alargada para nascente”. A obra das Águas do Porto, disse, foi “uma excelente oportunidade” para requalificar a avenida. 

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