Hospitais de Lisboa vão ter hotéis e habitação para financiar Todos-os-Santos

Ideia é converter os hospitais dos Capuchos, São José, Santa Marta e o já desactivado Miguel Bombarda em espaços com hotéis, comércio, habitação e estacionamento. Mas os projectos deverão demorar uma década a avançar.

Foto
Hospital Miguel Bombarda, já desactivado, é um dos quatro a serem convertidos Nuno Ferreira Santos

O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, revelou nesta terça-feira à Lusa que a intervenção na Colina de Santana, nomeadamente nos hospitais dos Capuchos, São José e Santa Marta, e no já desactivado Miguel Bombarda, visa financiar a construção do Hospital de Todos-os-Santos.

A Estamo, imobiliária de capitais exclusivamente públicos e detida pela Parpública, entregou à Câmara de Lisboa vários projectos que prevêem a conversão daqueles quatro hospitais em espaços com valências hoteleiras, de habitação, comércio, estacionamento e lazer.

Em declarações à Lusa, Manuel Salgado, recordou que há cerca de quatro anos o Ministério da Saúde (na altura liderado por Ana Jorge) demonstrou vontade de transferir os hospitais da Colina de Santana para um novo hospital na zona oriental de Lisboa, o Hospital de Todos-os-Santos.

Segundo o também vereador do Urbanismo, foi feito um estudo de conjunto para a Colina de Santana, liderado pela arquitecta Inês Lobo, que prevê a transformação daquela zona numa ‘Colina do Conhecimento’, bem como a “salvaguarda do património, que é valiosíssimo”, dos quatro hospitais.

“Definiu-se um critério: os edifícios de valor patrimonial devem ser transferidos para a Câmara de Lisboa. Os que foram construídos a partir dos anos 50, sem valor, e que são acrescentos devem ser demolidos para libertar espaços e criar mais espaços públicos. E podia ser admitida a construção de comércio, serviços e habitação para se conseguir a rentabilização que é necessária para financiar o novo hospital”, explicou o vice-presidente.

Manuel Salgado, que tem o pelouro do licenciamento urbanístico, afirmou que a reconversão destes quatro hospitais – dos quais apenas o Miguel Bombarda está já desactivado – “serve para financiar o Hospital de Todos-os-Santos”.

O vereador disse desconhecer estimativas de investimento nos quatro hospitais e de possível retorno para o financiamento do novo centro hospitalar, mas admitiu que estes projectos levem mais de uma década a concluir.

Projectos em discussão pública
O autarca explicou que a entidade promotora apresentou, para já, pedidos de informação prévia (PIP) para começar a “estabilizar o que se pode ou não fazer no conjunto” da Colina de Santana, projectos que, segundo a legislação e os regulamentos municipais, não precisam de discussão pública.

“No entanto, porque entendemos que são importantes, fazia todo o sentido serem objecto de discussão”, adiantou Manuel Salgado. Estes projectos estão em discussão pública desde 1 de Julho e até sexta-feira.

Será ainda promovida uma sessão pública de discussão na Ordem dos Arquitectos, um “primeiro passo” que “não invalida” que os projectos sejam “objecto de debate pela Câmara” nem os exclui da obrigatória discussão pública – mais alargada (a legislação prevê 22 dias úteis no mínimo) – aquando do processo de loteamento, assegurou.

O movimento Fórum Cidadania LX tinha já pedido um prolongamento do período de discussão pública destes projectos.

Segundo a informação disponível na página oficial da Câmara de Lisboa na Internet, para o Hospital de Santa Marta está previsto um hotel com 57 quartos, 90 fogos, 15 lojas, quase 200 lugares de estacionamento e jardins.

O projecto para o Hospital Miguel Bombarda prevê a recuperação e a conversão da área de antigo Convento em hotel e em equipamento cultural, 192 fogos, serviços, jardins e um miradouro.

Também para o Hospital dos Capuchos está prevista habitação, serviços, espaços verdes e estacionamento (num silo automóvel).

No caso do projecto para o Hospital de São José, que apenas tem um vídeo disponível para consulta, Manuel Salgado disse que também está prevista habitação, serviços (alguns deles turísticos) e estacionamento.

Sugerir correcção
Comentar