GNR apreende 800 quilos de amêijoa apanhada ilegalmente no Tejo

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Mariscadores apanham amêijoa japónica no estuário do Tejo, apesar de ser ilegal Foto: Enric Vives-Rubio

A quantidade de amêijoa apanhada ilegalmente no estuário do Tejo não pára de aumentar. Desde o início do ano, GNR e Polícia Marítima apreenderam 36 toneladas. Nesta quarta-feira, a GNR interceptou uma carrinha em Alcochete com 818 quilos de bivalves.

“Comprei as amêijoas aos mariscadores a dois euros e ia vendê-las a 2,10 euros a outro comprador para as levar para Espanha. Com estes 818 quilos ia ganhar 80 euros, mas acabei de perder 1632 euros, que tinha pedido ao meu pai”, explicou à Lusa o comprador, que pediu anonimato. A carga foi-lhe apreendida ao final da tarde de quarta-feira pela GNR na zona do Samouco, em Alcochete.

Há cerca de um mês, o mesmo homem tinha sido interceptado pelas autoridades a transportar cerca de 500 quilos de amêijoa.

Desde 2011, as autoridades apreenderam no estuário do Tejo cerca de 70 toneladas e identificaram mais de 560 infractores.

“Só lamento que não me deixem trabalhar, já que quero legalizar-me e não consigo. São só burocracias”, desabafa o infractor, perante o olhar impotente da esposa, que o acompanhava.

“A baixa-mar foi muito grande e como há muitos mariscadores na apanha ilegal da amêijoa, desenvolvemos a operação que culminou com esta apreensão. Só em Agosto, apreendemos cerca de 13 toneladas. O infractor diz que, por norma, a amêijoa japónica vai para Espanha, onde pode ser comercializada pois existe um centro de transformação. Mas muitas vezes, vemo-las nos supermercados e nos restaurantes”, disse à Lusa o primeiro-sargento Gil Matos, do controlo costeiro da GNR.

Amêijoa viva volta ao rio

Nas apreensões de amêijoa ilegal, é chamado ao local o veterinário municipal para avaliar o estado dos bivalves e decidir o que fazer.

“Se a maioria dos animais estiver viva, normalmente faz-se a restituição ao habitat natural. Se a maior parte estiver morta, opta-se pela destruição e vai para um aterro sanitário", disse João Monteiro, veterinário da autarquia do Montijo, acrescentando que esta é a “quarta ou quinta” apreensão para a qual é chamado este ano.

O responsável sanitário deixou o alerta para os problemas, ao nível das intoxicações alimentares, que este tipo de bivalves pode provocar nos consumidores, quando não é devidamente tratado.

Após a decisão do veterinário municipal, a carrinha, escoltada por um carro da GNR, seguiu em direcção ao cais do Seixalinho, onde os mais de 800 quilos de amêijoa japónica foram devolvidos ao Tejo.

Desde o início do ano, a GNR apreendeu cerca de 23 toneladas de amêijoa retirada ilegalmente do estuário do rio Tejo, sensivelmente a mesma quantidade confiscada no ano passado.

Entre Janeiro de 2011 e Agosto deste ano, foram identificadas mais de duas dezenas de angariadores/revendedores.

A Polícia Marítima (PM), por seu lado, apreendeu, em 2011, cerca de 11 toneladas de amêijoa, valor já ultrapassado este ano. Até 20 de Agosto, esta entidade tinha apreendido 13 toneladas.

A PM adianta que em 2011 identificou e constituiu arguidos em processo de contraordenação, por pesca ilegal de amêijoa, 419 pescadores. De Janeiro até agora, foram levantados 120 autos de contraordenação.

Juntando os dados das duas entidades fiscalizadores, entre Janeiro de 2011 e Agosto deste ano, foram apreendidas cerca de 70 toneladas de amêijoa ilegal no estuário do rio Tejo, e identificados mais de 560 infractores.

No dia 14 deste mês, um mergulhador morreu no rio Tejo, na zona de Alcochete, enquanto apanhava ilegalmente amêijoa, tendo o corpo sido resgatado três dias depois.

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