Gaia está a recuperar a praia da Aguda e espera mais 2,5 milhões de euros para as restantes

Mau tempo do início do ano destruiu boa parte dos passadiços ao longo dos 15 quilómetros da costa. Caminhos em madeira vão recuar em alguns casos para melhor protecção ao mau tempo no futuro. Presidente da câmara está preocupado com os prazos, e espera que eles não prejudiquem a manutenção de bandeiras azuis nas 19 praias do concelho.

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As obras começaram na quinta-feira na praia da Aguda e vão estender-se a uma costa com 15 quilómetros Fernando Veludo/NFactos

Os trabalhos que vão permitir a requalificação da Praia da Aguda, em Vila Nova de Gaia, depois de a sua orla ter sido fortemente afectada pelas intempéries do início do ano, começaram na quinta-feira. No local, já laboravam, manhã cedo, alguns camiões e outras máquinas que faziam a transferência de areia ali acumulada.

O arranque foi marcado naquela praia com camiões e outras máquinas pesadas, mas estão ainda também em marcha os trabalhos, orçados na ordem dos 400 mil euros, para intervir igualmente na praia de Lavadores e Salgueiros. A autarquia aguarda ainda 2,5 milhões de euros de fundos comunitários geridos pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para iniciar a reabilitação de toda a costa de praia com 15 quilómetros que foi atingida pelo mau tempo. Todo o investimento é financiado a 100 por cento por fundos comunitários.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia (CMG), Eduardo Vítor Rodrigues, garantiu  que “daqui a uma semana e meia” todos os trabalhos já estarão em marcha". Questionada pelo PÚBLICO, fonte do gabinete de comunicação da autarquia não conseguiu, porém, explicar se os trabalhos serão faseados ou se avançarão ao mesmo tempo em todas as 19 praias do concelho.

“Esta obra é feita no âmbito do Plano de Acção e Valorização do Litoral Português. Estes projectos a que temos vindo a dar início ao longo desta fase são fundamentais para salvaguardar a nossa costa", explicou o vice-presidente da APA, Alexandre Simões. "Vila Nova de Gaia é um caso paradigmático desse esforço. Tivemos em Janeiro, Fevereiro e Março situações em que a costa portuguesa foi devastada, o que implicou um esforço muito grande por parte do Ministério do Ambiente e das câmaras municipais. Houve uma candidatura a fundos comunitários para permitir socorrer grande parte destas áreas”, acrescentou.

Alexandre Simões destacou ainda que a prioridade do ministério é a “protecção de pessoas e bens” e que “os recursos são escassos”, obrigando a um trabalho de definição de prioridades mais apurado.

Já em Fevereiro, o município contou com a ajuda de inúmeros voluntários e com militares do Regimento de Artilharia da Serra do Pilar, que organizaram a limpeza de algumas praias.

Na praia da Aguda, os trabalhos implicam uma intervenção de desassoreamento de um canal de navegação para a comunidade piscatória ali residente, a reconstrução dos regeneradores dunares, das estruturas de apoio às praias e dos passadiços.

“Fruto do mau tempo, temos areia em excesso na praia da Aguda que vamos transferir para a praia de Lavadores”, disse o director da Agência Portuguesa do Ambiente-Norte, Pimenta Machado.

Em algumas praias, os passadiços de madeira serão “redesenhados”. “Em alguns casos, será possível fazer recuar os passadiços numa lógica preventiva”, explicou Eduardo Vítor Rodrigues. O mau tempo, com forte agitação marítima, destruiu boa parte destas estruturas ao longo dos 15 quilómetros de costa.

O presidente da câmara revelou, contudo, alguma preocupação com os prazos em que os trabalhos estarão concluídos. “Como não houve, por parte do Governo, uma declaração de calamidade, os prazos são iguais aos de qualquer concursos público”, disse. Neste sentido, acrescentou estar a fazer tudo para que “não se corram riscos na atribuição das bandeiras azuis” a todas as praias do concelho. O autarca socialista espera que o estado em que as praias ficaram não coloque em causa a manutenção daqueles galardões.

O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, anunciou em Fevereiro estar garantida uma verba "adicional" de 17 milhões de euros para reparar os estragos do mau tempo na costa portuguesa, totalmente financiada por fundos comunitários.

De acordo com o ministro, "tudo somado, no país, nos 29 municípios afectados [pelo mau tempo]", estão em causa "28 milhões de euros". Neste valor incluem-se os 11 milhões de euros "previstos nos 300 milhões do Plano de Acção do Litoral" e os 17 milhões "que tinham de ser encontrados no curto prazo", explicou o governante na altura.

A solução alcançada para os 17 milhões de euros foi "100% de financiamento do Programa Operacional de Valorização do Território (POVT)", acrescentou então Jorge Moreira da Silva.


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