Feira leva teatro com samba e fado a bairros sociais no dia em que a pobreza é lembrada no mundo

A peça é apresentada esta sexta-feira no empreendimento habitacional de S. Paio de Oleiros no sábado no bairro social do Souto em Fiães.

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Santa Maria da Feira faz questão de inovar, para mostrar vários ângulos da mesma realidade, e no dia em que a pobreza é falada e lembrada em todo o mundo leva teatro com samba, fado e pregões a dois bairros sociais do concelho. Esta sexta-feira comemora-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza e do outro lado do Atlântico chega o grupo de teatro brasileiro Cia Histriônica, constituído por estudantes de Artes Cénicas da Universidade Estadual de Campinas de São Paulo.

Os alunos futuros artistas trazem a peça O Cortiço, uma adaptação do clássico da literatura brasileira assinado por Aluísio Azevedo em 1890, que em tempos modernos se baseou no fado e pregões portugueses e na capoeira e no samba do Brasil. Elementos característicos dos dois países e que servem para retratar a luta de classes e a relação entre as culturas dos dois territórios que falam a mesma língua mas estão separados por um oceano. A peça é apresentada esta sexta-feira no empreendimento habitacional de S. Paio de Oleiros às 21h30 e no sábado, à mesma hora, no bairro social do Souto em Fiães. A entrada é livre.

A peça de teatro estrutura-se em grandes movimentos corais, em danças e músicas interpretadas ao vivo e faz parte de um intercâmbio artístico e cultural entre Portugal e Brasil que envolve os municípios de Santa Maria da Feira, Lisboa e Évora. Este sábado, antes da apresentação do segundo espectáculo, a companhia brasileira coordena uma oficina centrada na demonstração prática das referências técnicas de suporte à montagem da peça, na Junta de Freguesia de S. Paio de Oleiros, das 10h00 às 13h00. No domingo, o Cia Histriônica descola uma parte de O Cortiço com um repertório de samba de roda brasileiro, tocado, cantado e dançado ao vivo, no parque exterior do supermercado Modelo, em Mozelos, às 15h00. E assim acontece Roda de Samba na Rua num espaço ao ar livre. No programa está ainda a tertúlia Social Empreendedor que esta sexta-feira reúne vários projectos de empreendedorismo social de Santa Maria da Feira, Porto, São João da Madeira e Vila Nova de Gaia. Testemunhos e partilha de experiências no palco do Grupo Recreativo dos Amigos do Teatro Oleirense, em S. Paio de Oleiros, às 17h30.

O presidente da Câmara da Feira, Emídio Sousa, que tem sob sua alçada o pelouro de Acção Social, acredita que uma iniciativa fora do formato, para assinalar um dia importante, tem um maior impacto na comunidade, neste caso em quem habita em bairros sociais. “Sendo inovador, fazendo qualquer coisa de diferente, com um momento especial de teatro, é possível captar a atenção para o problema. Com criatividade podemos ter um impacto maior junto das populações”, refere. “É um novo incentivo para que percebam que estamos ao lado delas”, acrescenta.

“As questões sociais são absolutamente fundamentais. A coesão social é que faz um bom viver num território”, defende o autarca que tem investido na criação de fóruns sociais nas 21 freguesias do município. Estruturas que envolvem intervenientes, associações e instituições de diversas áreas, para identificar casos sociais problemáticos e evitar a duplicação de apoios no terreno. Sete fóruns estão criados, mais três surgirão até ao final do ano. Emídio Sousa fala num trabalho de proximidade e numa rede social atenta que mostram que os problemas sociais que afligem as comunidades mais vulneráveis também chegam à mesa onde são tomadas decisões importantes. “Por isso, elegemos o emprego e a coesão social como áreas prioritárias”, conclui.

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