Falso sequestro fez PSP cercar casa em Ovar, mas assaltantes já tinham fugido

Assaltantes abandonaram o local antes de as forças de segurança chegarem levando consigo milhares de euros e numerosas peças em ouro. Casal de comerciantes já tinha sido sequestrado na empresa em 2005.

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fernando veludo/nfactos
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O Furadouro, em Ovar, ficou esta quarta-feira marcado por um sequestro que afinal nunca o foi. Chamada para um assalto, a PSP mobilizou dezenas de agentes com coletes anti-bala, negociadores e elementos do Corpo de Intervenção da Unidade Especial de Policia (UEP), fechou ruas e cercou o quarteirão durante quase três horas. Mas afinal os assaltantes já tinham fugido antes mesmo de a polícia chegar, levando milhares de euros e objectos de ouro, adiantou fonte policial.

Só no final de uma longa maratona de tentativas falhadas de contacto com os suspeitos é que a PSP percebeu que os ladrões, que prenderam o casal de moradores e a empregada no quarto de banho, já lá não estavam. O intendente Sérgio Loureiro, chefe operacional do comando da PSP de Aveiro, sublinhou que a polícia seguiu à risca o protoloco previsto para casos de sequestro tendo-se preparado para o pior para salvaguardar a segurança dos reféns.

“O protocolo está estudado e definido. Não fazemos uma intervenção táctica sem ter a certeza do que se está a passar. A primeira tentativa é a negociação. Partimos do pressuposto que estava um sequestro a decorrer para salvaguarda da integridade física das vítimas, dos suspeitos e dos elementos que intervêm. O protocolo define que temos de partir do pressuposto que a situação é a mais grave”, disse o intendente numa breve conferência de imprensa improvisada junto à casa. O responsável salientou ainda que a PSP estava a “trabalhar com muita falta de informação” e que só no fim conseguiram “comprovar” que afinal já lá não estavam os sequestradores.

Com a PSP cá fora, as vítimas furaram a porta do quarto de banho com os pés de ferro de um pequeno banco e saíram pela abertura, aparecendo depois, pelas 12h20, junto ao portão da moradia, na Praça da Varina. A forte presença da polícia atraiu dezenas de curiosos que se juntaram próximo da casa, o que levou os agentes a delimitarem um perímetro de segurança.

As vítimas foram levadas depois para um loja ao lado, propriedade da filha, e foi lá que receberam assistência do INEM, cujos elementos também estavam equipados com coletes balísticos. O homem tinha ferimentos causados pelos assaltantes. Terá sido agredido com a coronha de uma arma. Já a mulher e a empregada receberam tratamento no local devido ao estado de ansiedade em que se encontravam.

Achando que os sequestradores ainda estariam na casa, a PSP enviou elementos da UEP em fila e com as pistolas em riste para uma investida à casa. Varreram o imóvel e perceberam que estava vazia. Há muito que os assaltantes tinham saído sem sequer se cruzarem com a polícia.

Foi uma filha do casal, ambos na casa dos 70 anos, que deu o primeiro alerta. Pelas 9h20 quando entrou em casa dos pais, ouviu a mãe gritar-lhe “sai daqui senão eles matam-te”. A filha saiu, aos gritos, os vizinhos ouviram e subitamente choveram na PSP telefonemas de moradores a pedir ajuda para o local.

“Foi uma empregada da peixaria da filha que ouviu barulhos e percebeu que qualquer coisa estava mal. Ligou à filha e depois ela apareceu aos gritos na rua. Eu vi e liguei para a PSP. Eu e muitos vizinhos”, disse ao PÚBLICO Licinio Barbosa, empregado dos Armazéns Barreto, situados defronte da rotunda da Avenida do Emigrante, mesmo ao lado da casa.

Nessa altura, o Audi preto que levara os assaltantes já tinha arrancado do local. O caso passou para a PJ e até ao início desta noite, os assaltantes continuavam em fuga, de acordo com uma fonte daquela polícia.

A empresa do casal de comerciantes de marisco, onde está instalada uma depuradora de amêijoas, já foi assaltada várias vezes. Em 2005, aliás, também foram feitos reféns nas instalações, adiantou fonte policial.

“Eles são comerciantes muito conhecidos aqui. Gostam de guardar muito dinheiro vivo em casa. As pessoas sabem disso e os assaltantes lá terão ouvido falar nisso e aproveitado para levar o que puderam”, concluiu Licinio Barbosa. 

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