Dono de bares do Cais do Sodré teme encerramentos se hora de fecho for antecipada

Câmara de Lisboa quer que os bares fechem às 2h de domingo a quinta-feira, e às 3h às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados.

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Câmara promete apertar a fiscalização Miguel Manso

O dono de dois bares do Cais do Sodré, em Lisboa, criticou nesta quarta-feira a intenção de antecipar a hora de fecho dos estabelecimentos de diversão nocturna, antevendo que isso vai provocar falências e encerramento de portas.

"[A medida] significa o encerramento de muito estabelecimentos, não só do meu. Serão muitos a encerrar atendendo ao facto de termos 23 bares abertos” na Rua Nova do Carvalho e topo da Rua de São Paulo, disse à agência Lusa António Costa, dono do “Viking” e do “Menage”, reagindo à intenção da autarquia de Lisboa de antecipar o horário de fecho dos bares por causa do ruído.

Segundo António Costa, desde que foi conhecida a intenção da Câmara de Lisboa de antecipar em uma hora o fecho diário dos bares das zonas do Cais do Sodré, Santos e Bica que os empregados “estão a tremer, sem saber o que fazer à vida”.

“É muito ingrato para quem investiu ali dinheiro e para os empregados se isto acontecer. Fazendo uma média de oito pessoas a trabalhar em cada bar, temos 200 pessoas a trabalhar na zona, todas com encargos”, explicou.

De acordo com a imprensa desta quarta-feira, os bares do Bairro Alto, do Cais do Sodré, da Bica e de Santos devem passar a encerrar todos à mesma hora e não distribuídos pelas duas, quatro e seis da manhã como actualmente. Assim, de domingo a quinta-feira, os bares devem fechar às 2h, e às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados às 3h. A diferença de horário, defende a câmara, só deve ocorrer para os que têm autorização para funcionamento prolongado, avançou o Diário de Notícias citando o vereador da Higiene Urbana na autarquia.

O dono dos bares relembrou ainda que foi a Câmara de Lisboa que incentivou o investimento na zona, tornando a Rua Nova do Carvalho numa artéria fechada ao trânsito e pintando a calçada de cor-de-rosa de forma a dinamizar a zona.

O proprietário dos bares, que tem um terceiro estabelecimento em vias de abrir na zona, avançou ter investido “algumas dezenas de milhares de euros”, prevendo um retorno em cinco a sete anos. Agora, perante a possibilidade de ser obrigado a antecipar o fecho diário, só pensa no prejuízo que vai ter.

Apesar de reconhecer que a questão do barulho naquelas ruas “há muito que está em discussão”, António Costa considerou que o problema não é causado só pelos bares, mas também pelas lojas de conveniência, já que vendem bebidas que podem ser consumidas na rua, o que leva a que, por vezes, os consumidores nem cheguem a entrar nos bares. “Por vezes até vêm pedir copos emprestados para beberem o que compram”, desabafou.

O proprietário defendeu ainda existirem na zona mais comerciantes do que moradores, tendo estes criado na segunda-feira uma petição na qual se queixam, entre outras situações, da presença de “rios de lixo nas ruas, largos e jardins por onde passa a ‘movida’ nocturna, que acordam cobertos de garrafas, milhares de copos de plástico, vómito, urina e toda a espécie de dejectos”.

O texto contava, a meio da manhã de hoje, com 355 assinaturas.

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