Dois dias, 250 artistas, 172 performances no festival que não tem paredes

O Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira coloca o espaço público ao serviço da arte e não cobra bilhetes

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A partir de 24 de Maio e ao longo de três dias, a Feira vai receber 117 espectáculos de 16 países paulo pimenta

O centro histórico da Feira está preparado para dois intensos dias. Esta sexta e sábado, as ruas são um imenso palco ao ar livre para 250 artistas de 19 países. A 15.º edição tem no programa 172 performances, 43 espectáculos, 49 companhias, 31 estreias e várias criações pensadas para o festival.

Esta quinta-feira, foi dia de instalar gruas, montar palcos, sistemas de sons e iluminação. Na sexta, às 14h, o Imaginarius começa com a programação para o público infantil. A Orquestra Criativa da Feira mostra inusitados instrumentos que nascem da imaginação e gente que toca sem saber ler pautas. Às 18h30, artistas de vários países confirmam que a rua é um bom palco para um espectáculo inspirado no Livro de Desassossego de Fernando Pessoa. Às 23h00, a companhia Voalá estará em suspenso no céu com uma performance aérea com rock psicadélico e convulsivo. O mercado municipal transforma-se numa montra de artesanato urbano e na zona ao pé do rio há street food. Não há paredes nem bilheteiras neste festival.

A secção Mais Imaginarius volta a dar oportunidade a artistas de mostrarem os seus projectos e pela primeira vez entra na programação oficial. Ao todo, 17 criações serão observadas e avaliadas por quem percebe da arte. Este ano, há um novo espaço dedicado aos profissionais do sector cultural e criativo. É o Imaginarius Pro que nasce para estabelecer e reforçar parcerias entre artistas e programadores e, ao mesmo tempo, posicionar as artes de rua no mercado das indústrias culturais e criativas. O antigo posto de turismo da Feira acolhe assim várias acções de divulgação de projectos artísticos, reuniões informais, debates com criadores nacionais e internacionais. Nas novidades está também o Imaginarius Off que com círculos de vinil colocados em locais específicos marca o espaço que será ocupado por artistas de rua interessados em divulgar o seu trabalho fora da programação oficial. 

Santa Maria da Feira quer consolidar o estatuto de capital de artes de rua no país. O Imaginarius já integra a Circostrada Network, a maior rede europeia de promoção de artes de rua e do circo contemporâneo, e esta semana recebeu mais uma boa notícia. Ou seja, o selo EFE, o certificado internacional que reconhece a qualidade artística dos festivais do continente europeu.

Gil Ferreira, vereador da Cultura da Câmara da Feira, não esconde o orgulho por essa distinção. Há 15 anos que o Imaginarius mostra ao país a força e o poder das artes de rua. O festival mantém a filosofia mas veste uma nova roupa a cada ano. “Será um festival diferente não obstante seguir os eixos fundamentais que estiveram na sua génese. Esta edição será diferente em grande parte pelo alinhamento, as grandes novidades residem na estrutura da programação”, refere ao PÚBLICO. Imaginarius para os mais pequenos, Imaginarius para companhias consolidadas, Imaginarius para artistas emergentes, Imaginarius para quem faz da rua o seu palco. O Imaginarius é também, como sublinha Gil Ferreira, uma “montra” que dá visibilidade e ajuda a divulgar projectos.

Bruno Costa e Daniel Vilar partilham a direcção artística do Imaginarius. Este ano, o festival está mais concentrado em termos de espaço e não é por acaso. “Para viver intensamente o festival com múltiplas experiências”, refere Bruno Costa. “O Imaginarius é uma oportunidade de explorar o centro histórico de outra forma”, acrescenta Daniel Vilar que destaca o special guest. “É uma estreia no festival, há um convidado especial de forma a divulgar o que temos em Portugal”. Este ano, esse convidado especial é da Fanfarra Kaustika conhecida pelo punk filarmónico e atitude electrizante. Os seus músicos andarão em concerto às sete da tarde e pelas duas da madrugada.

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