Prédio ruiu parcialmente e obrigou ao corte da Rua de Miguel Bombarda

Queda da fachada lateral de edifício devoluto não causou feridos. Trabalhos de demolição controlada vão prolongar-se pela noite dentro.

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Paulo Pimenta
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Foi o terceiro prédio contíguo a ruir na Rua de Miguel Bombarda, no Porto, ainda que com quase quatro anos de intervalo. Esta tarde, pela hora do almoço, parte da antiga Pensão Bemposta, desabou, obrigando ao corte de trânsito na artéria, a partir do cruzamento com a Rua do Rosário. Em 2010, dois prédios que lhe eram contíguos tinham caído para a via pública, soterrando três automóveis mas sem fazer vítimas. Ao lado do edifício agora afectado, a Unidade de Saúde Familiar de S. João foi evacuada e encerrada.

Prevê-se uma noite inteira de trabalho para os serviços da autarquia, que irão proceder a demolições controladas de todas as estruturas que possam representar risco para as pessoas. Um trabalho que será feito com a retirada "peça a peça" das estruturas do edifício, garantiu o vereador da Protecção Civil, Sampaio Pimentel. Só com o avançar dos trabalhos é que se irá perceber se será possível salvar parte do edifício (nomeadamente a fachada) e também se estão garantidas as condições de segurança para que a unidade de saúde possa reabrir.

Os serviços municipais de Protecção Civil foram alertados para a queda de “peças de estrutura” do número 248 pelas 13h05, revelou, no local, o comandante Rebelo de Carvalho. “Procedemos à criação do perímetro de segurança e, como medida de precaução, o centro de saúde foi encerrado até se mitigar os riscos potenciais”, explicou o responsável municipal pela Protecção Civil. A fachada lateral tombou para o terreno vazio que já esteve ocupado por um prédio que também ruiu e onde, segundo um morador, se procedeu "a trabalho de limpeza, com maquinaria, há cerca de quinze dias".

Pelas 17h, os serviços já tinham feito uma “inspecção visual” ao local e aguardavam a chegada do equipamento necessário para proceder ao início dos trabalhos de demolição controlada, já comunicados ao proprietário do edifício. O prédio perdeu toda a fachada lateral, do lado oposto ao do centro de saúde, e as suas entranhas, com os restos de papel de parede florido, e as escadas de madeira pintadas de negro, amarelo e verde, eram visíveis a qualquer pessoa que passasse na rua.

Rebelo de Carvalho não quis adiantar qualquer razão para a derrocada do edifício devoluto, que aguarda um licenciamento camarário para entrar em obras, mas não excluiu qualquer possibilidade – o mau tempo que se tem feito sentir ou alguma consequência ainda da derrocada que a 30 de Agosto de 2010 destruiu os dois prédios contíguos ao que agora desapareceu parcialmente.

A estranheza de derrocadas que se sucedem, em prédios contíguos, não escapou a António Mendes, de 88 anos, e morador num prédio que, a protegeê-lo do buraco aberto pelas derrocadas, só tem o centro de saúde. “Isto tem sido como um baralho de cartas, como um dominó, um a seguir ao outro”, disse aos jornalistas, depois de se abeirar de Rebelo de Carvalho para lhe perguntar se era seguro ir para casa.

O comandante garantiu-lhe que sim e que seria avisado, caso as condições se alterassem. Rebelo de Carvalho afirmou ainda que os serviços iriam “fazer tudo para que o centro de saúde reabra amanhã”, mas salvaguardou que era “prematuro” fazer qualquer promessa nesse sentido. “Vamos fazer uma avaliação do estado do centro de saúde, vai-se monitorizando, para que não haja qualquer perigo. A reabertura dependerá do estado das paredes que ainda estão de pé”, disse. 

Ao PÚBLICO, o vereador da Protecção Civil afirmou que a fachada do prédio alvo de derrocada está "aparentemente de boa saúde", mas que só o trabalho das próximas horas ditará o que será possível salvar. "Faremos uma avaliação do estado do edifício, vamos impermeabilizar a parede do centro de saúde e se da avaliação resultar que a parede meeira não interfere com o centro de saúde, levantamos a interdição", disse.

 

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