Circus organiza semana de Arte Urbana no Porto, em Setembro

Push Porto marcado para a semana de 13 a 21 em várias paredes já licenciadas para a pintura de graffiti. Plataforma de artistas ainda procura cinco mil euros para cumprir todo o programa anunciado.

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Na Rua de Miguel Bombarda foi pintado o primeiro mural legalizado, no qual emerge D. Quixote, acompanhado de Sancho Pança Nelson Garrido

O Porto vai ter em Setembro o seu primeiro festival de Arte Urbana e Ilustração. Com organização da Circus, entidade que promove criadores destas áreas, o Push Porto vai acontecer na semana de 13 a 21, na rua, em várias paredes já licenciadas para a pintura de graffiti, em galerias de arte e bares da cidade, espaços para exposições de ilustradores, e no auditório da Pólo das Indústrias Criativas da UPTEC, palco de conferências sobre a importância destas formas de expressão artística para as cidades.

Segundo a organização, participam neste festival o Colectivo Rua (Oker, Draw, Fedor e Alma), que pintará uma parede com o húngaro Breakone, o portuense Mr. Dheo e os alemães Vidam e Look (que integram o reconhecido colectivo The Weird), e que irão pintar a fachada lateral do edifício da UPTEC na Praça Coronel Pacheco. Os ilustradores André da Loba, Lara Luís, Lord Mantraste e André Letria vão também dedicar-se aos murais, pintando uma parede em parceria com a Papa-livros.

A Circus foi a responsável pela produção do primeiro mural licenciado no Porto, o D. Quixote da Rua  Miguel Bombarba, mas tem estado também envolvida em eventos ligados à ilustração, como aconteceu em Guimarães, onde artistas foram convidados a desesenhar a sua versão de episódios da história local (e nacional). O sucesso da mostra levou ao adiamento da data prevista para o seu encerramento, marcado agora para o final deste mês.

No Porto estão a preparar um roteiro de exposições pela cidade com diversos artistas, em galerias como a Dama Aflita (com o londrino Malarky) e a Ó Galeria (com Maria Imaginário), em cafés como o Moustache (com a Arabrab Fonseca), o Almada Minha (com Wasted Rita) ou o Canhoto (com Mr. Esgar) e ainda no Gallery Hostel (com a colectiva de Andy Calabozo, Laro Lagosta e Bruno Albuquerque) e na Pensão Favorita (com Amadeus).

Para além destes dois roteiros, a Circus está a organizar um ciclo de conferências e workshops, a realizar nos dias 19, 20 e 21 de Setembro, com temas variados como a ilustração, arte urbana, tipografia, caligrafia, design, arquitectura, etc. Participam nestas palestras ±maismenos±, o ilustrador André da Loba, a dupla PeachBeach (Berlim), o artista Aleix Gordo que irá apresentar o seu documentário "BCN Rise and Fall" e Lara Seixo Rodrigues.

A Circus decidiu que todas as actividades deste primeiro evento seriam de entrada gratuita e continua à procura de financiamento para garantir que todo o programa se realiza. O Push conseguiu apoios importantes de empresas como a Agência Abreu, o Porto Downtown Hostel, a Catari, ou a Vinil Forma, que asseguram as viagens e alojamento de artistas, os andaimes para a street art e o material de promoção, mas ainda faltam cerca de cinco mil euros para custear tintas e a alimentação dos participantes, entre outras despesas. O Crowdfunding iniciado pela organização na internet, no IndieGogo, tem tido pouco adesão (tinham pouco mais de 400 euros  na sexta-feira).

Os organizadores ainda estão à espera que a Câmara do Porto, que apoia institucionalmente o evento, decida se o vai também apoiar financeiramente. No limite, explicou André Carvalho, o que pode acontecer é uma redução das actividades previstas, mas não deixaremos de realizar o Push”, garantiu, reiterando a vontade de fazer das ruas do Porto “uma galeria a céu aberto”. "A Arte Urbana tem sido muito importante para o desenvolvimento das cidades. Nós reparamos que no Porto há pouca procura do serviço destes artistas, quando comparada com a qualidade da oferta, do trabalho que eles realizam”, assinalou o responsável pela Circus.

A Arte Urbana vem ganhando espaço no Porto, depois de o actual executivo municipal, liderado por Rui Moreira, ter assumido uma atitude oposta à do seu antecessor, Rui Rio, que criou brigadas de limpeza de paredes que tanto apagavam tags como obras de artistas conceituados, como Hazul, em paredes de casas devolutas.

Já este ano, o edifício Axa foi, no seu interior, “tomado de assalto” por uma grande exposição de dezenas de artistas de rua e a autarquia prometeu abertura para a definição de espaços onde os writters possam expor a sua criatividade. Na Rua Miguel Bombarda, e por iniciativa da Circus, foi mesmo pintado, na parede cega de uma residência particular, o primeiro mural legalizado, no qual emerge um imenso D. Quixote, acompanhado do inevitável Sancho Pança.

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