Centenas de pessoas gritaram “Não à privatização” dos transportes do Porto

Várias centenas de manifestantes responderam ao apelo do grupo de cidadãos Contra a Privatização dos Transportes do Público. Os presentes rodearam toda a praça fronteira à estação da Trindade e gritaram palavras de ordem.

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Os manifestantes formaram um cordão humano em frente à estação da Trindade Rui Farinha/N Factos

O Pedro levou o cartão Andante e fez questão de o segurar mesmo junto ao peito, para que todos vissem que era utilizador dos transportes públicos. A Cristina levou um pequeno cartaz e um grupo de amigos que, disse ela, protestavam contra “a diminuição da qualidade do transporte e o aumento de preços”.

A Celina só levou a voz de outros protestos e a convicção forte de que ainda é possível inverter o processo de entrega do metro do Porto e da STCP a um concessionário privado. “Temos que acreditar, senão não estava aqui”, disse. Os três juntaram-se a centenas de pessoas que, ao final da tarde de terça-feira, se reuniram junto à estação da Trindade, para protestar contra “a privatização”.

Havia por lá eleitos e candidatos do PS, da CDU e do Bloco de Esquerda, sindicalistas e representantes da Comissão de Trabalhadores da STCP ou membros do grupo Utentes dos Transportes Públicos do Porto, mas as centenas de manifestantes que responderam ao apelo do grupo de cidadãos Contra a Privatização dos Transportes do Público estava ali exactamente nessa qualidade – a de cidadãos. E cada um tinha as suas razões para gritar as frases de ordem que se repetiram ao longo de quase uma hora: “Não, não à privatização”, “O povo unido jamais será vencido” ou “A luta continua, Governo para a rua”.

Madalena Lima, 47 anos, disse que tinha ido “em defesa do serviço público, pelos filhos e pelo futuro”. Diz que sentiu a decisão de se avançar para o ajuste directo – com os concorrentes convidados a apresentar propostas no curtíssimo prazo de oito dias úteis – “quase como uma traição” e ficou com uma certeza: “Não foi ético”. Ao seu lado, Henrique Durão, 61 anos, teme perder os descontos a que tem direito como reformado e nem quer pensar numa eventual subida de preços. Diana Lopes, 26 anos, também se preocupa com o eventual “aumento de preços”, dizendo que se isso acontecer “será impossível” continuar a usar o autocarro e o metro.

Já Pedro Faria, 39 anos, o tal que mostra o Andante a quem passa, tem muito mais para dizer. “O sistema de transportes do Porto, quer o metro quer a STCP, tem sido essencial para o desenvolvimento da zona e este ajuste directo é o reverso de todas as regras e lógica de racionalidade”, disse. Enquanto Cristina Beleza, de 17 anos, segurando o seu cartaz, dizia temer que “nem todas as pessoas consigam ter o mesmo acesso à rede pública, tão necessária”.

De mãos dadas, os manifestantes rodearam toda a praça fronteira à estação e responderam às palavras de ordem que um dos elementos da organização ia gritando para um megafone. Gonçalo Vaz de Carvalho, porta-voz do grupo, leu o texto da petição que está já online exigindo “a anulação” do processo de concessão. Pelas 20h de terça-feira, cerca de 140 pessoas tinham assinado o documento, que será enviado aos decisores políticos.

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