Biblioteca da Penha de França muda de instalações em Maio

Novo espaço, nas imediações da Escola Básica Nuno Gonçalves, deverá reabrir no final do mês, segundo a Câmara de Lisboa.

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Actuais instalações fecham a 4 de Maio Sandra Ribeiro/Arquivo

A Biblioteca da Penha de França, em Lisboa, vai encerrar a 4 de Maio e só deverá reabrir no final do mês, depois de transferido o seu espólio para novas instalações. Esta mudança foi anunciada há um ano mas só agora se concretiza, apesar dos protestos de centenas de pessoas.

Em comunicado, a Câmara de Lisboa explica que as novas instalações, situadas num prédio de habitação jovem na Rua Francisco Pedro Curado n.º 6 (nas imediações da Escola Básica Nuno Gonçalves), têm “novas valências, nomeadamente uma sala multiusos, pensada para todos os públicos” e para “diversas actividades” como oficinas e ateliês. “Esta sala poderá ainda ser solicitada pela comunidade para reuniões, trabalhos de grupo, entre outros”, acrescenta.

Além disso, o espaço terá estacionamento para bicicletas e condições de acessibilidade para pessoas com deficiência motora.

A transferência da Biblioteca da Penha de França para o piso térreo de um edifício de habitação foi anunciada no ano passado pela autarquia, que decidiu entregar as instalações ocupadas por aquele equipamento há 50 anos – uma antiga casa senhorial do século XVI – à junta de freguesia. O município argumenta que a mudança possibilitará um aumento da área, de 230 para 257 m2, bem como a disponibilidade de uma área exterior que pode ser utilizada até 900m2. O novo espaço, porém, fica aquém do previsto no Programa Estratégico Biblioteca XXI, aprovado em Maio de 2012, segundo o qual a Biblioteca da Penha de França deveria duplicar de área até 2024.

Até à reabertura da biblioteca, que a câmara aponta para o final de Maio, os utilizadores podem dirigir-se a qualquer outro equipamento da Rede de Bibliotecas de Lisboa, sendo que a mais próxima é a Biblioteca de São Lázaro, na R. do Saco, nº 1, em Arroios.

A intenção da autarquia foi muito contestada, tendo mesmo dado origem a dois abaixo-assinados, um deles discutido na Assembleia Municipal. Os opositores consideravam que a mudança seria uma “desastrosa medida, com repercussões muito negativas para a população” daquela zona oriental da cidade. “O novo espaço destinado à biblioteca é claramente desvantajoso em relação ao actual, não permitindo espaços diferenciados de leitura nem a prevista ampliação de área que seria importante para dignificar o acervo e os postos de trabalho”, afirmavam numa das petições.

Uma das vozes contestatárias foi a de Margarida Vale de Gato. Em declarações ao PÚBLICO há um ano, a poetisa, investigadora e tradutora considerou que “a justificação da relocalização da biblioteca a pretexto de um aumento de área é espúria e demagógica, já que está em causa uma diferença de apenas 27m2”, e lembrou que na casa senhorial hoje ocupada havia a possibilidade de alargamento das instalações.

A poetisa, que se apresenta como “utilizadora regular da Biblioteca da Penha de França” sublinha ainda o investimento de 18.500 euros feito entre 2008 e 2009 em obras de beneficiação do espaço e os 18.000 que, segundo a Câmara de Lisboa transmitiu ao PÚBLICO no ano passado, custou a adaptação das novas instalações.

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