Autarca de Mondim apanha autocarro em protesto contra fecho de Finanças

No distrito de Vila Real poderão fechar 11 das 14 repartições actualmente existentes.

O presidente da Câmara de Mondim de Basto apanhou nesta segunda-feira o autocarro até Vila Real, numa viagem que demorou duas horas e custou seis euros, para alertar para as dificuldades causadas pelo eventual encerramento da repartição de Finanças. Este protesto simbólico marcou ainda o início do segundo mandato do executivo socialista, que tomou posse no domingo.

Humberto Cerqueira, a vereadora Teresa Rabiço e o presidente da Associação de Solidariedade Social das Aldeias de Mondim de Basto, José Lopes, apanharam o autocarro nesta vila às 7h. Eram os três únicos passageiros na transportadora que seguiu viagem até à Campeã, já no concelho de Vila Real, onde tiveram de sair para apanhar um outro autocarro para seguiram até à capital de distrito.

Duas horas e seis euros depois, chegaram a Vila Real, onde verificaram que a viagem de táxi para a repartição de Finanças iria custar mais 3,50 euros, tendo ainda como alternativa apanhar o transporte público urbano ou seguirem a pé. “Esta é a nossa realidade”, afirmou Humberto Cerqueira.

Mondim de basto tem cerca de 7500 habitantes, muitos dos quais idosos. Se a repartição de Finanças encerrarem neste concelho, os munícipes serão obrigados a deslocar-se até Vila Real para tratar dos seus assuntos fiscais. Segundo notícias divulgadas na semana passada, neste distrito transmontano poderão fechar 11 das 14 repartições actualmente existentes.

“Estamos a falar de pessoas idosas, que não têm acesso à Internet, de situações em que as pessoas muitas vezes já não têm dinheiro para pagar a um táxi para ir a uma consulta ou que já têm que optar entre os medicamentos ou a alimentação”, frisou o autarca.

Também José Lopes quis verificar pessoalmente as dificuldades que a população mais envelhecida terá que enfrentar para “pagar as suas contribuições”. “Pelo que já vi até agora, eles não têm condições nenhumas, nem física nem monetariamente, para conseguirem fazer esta viagem e pagarem as deslocações”, afirmou o responsável pela Associação de Solidariedade Social das Aldeias de Mondim de Basto. A alternativa de táxi custa cerca de 60 euros. Por isso mesmo, José Lopes considerou o alegado encerramento como “inadmissível”.

“Já somos um concelho envelhecido, com uma desertificação enorme; com estas medidas que estão a ser tomadas, isso vai agravar ainda muito mais a situação”, sustentou.

O Tribunal de Mondim de Basto está também na lista de encerramentos, embora o processo esteja agora suspenso. Humberto Cerqueira recusa-se a aceitar o fecho de serviços públicos no seu concelho e, por isso, garante que tudo fará para o impedir, inclusive recorrer aos tribunais.

O regresso para quem viajar de transporte público até Vila Real poderá ser feito, depois, às 13h30, chegando a Mondim de Basto às 15h30. Os circuitos até à capital de distrito são alternados. Às segundas e sextas-feiras fazem-se pela Campeã, às terças e quintas-feiras por Lamas de Olo (serra do Alvão) e à quarta-feira simplesmente não há autocarro.

 
 

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