A história de Lisboa contada entre amores e desamores

Câmara promoveu passeio pela cidade para mostrar como vários reis e conquistadores a namoraram.

Foto
Entre os pontos a não perder em Lisboa, os vários miradouros CARLA ROSADO

A história da cidade de Lisboa pode ser contada de muitas maneiras, incluindo através de referências ao amor, aos namoros e aos casamentos, como aconteceu nesta quinta-feira de manhã, apanhando a ‘boleia’ das comemorações do dia de São Valentim.

O percurso da câmara municipal “Amor por Lisboa” começou de frente para a colina do Castelo, onde se registou o início da presença humana em Lisboa, desde o Neolítico. Ou, como disse o guia Nuno Frazão, onde começou o amor pela cidade, que ganhou o primeiro nome pelos fenícios: Alisubo.

“Quando o amor acontece por alguém já comprometido, é necessária a conquista”, continuou o guia, relatando a difícil missão de D. Afonso Henriques de tomar Lisboa aos mouros, o que ocorreu em 1147. Em 1179 dava-se o “casamento”, com a assinatura do foral.

Outras provas de amor foram sendo dadas pela cidade quando D. Afonso III a proclamou capital do reino ou D. Fernando decidiu construir uma nova muralha.

Na altura de D. João I decorreu o primeiro plano urbanístico, altura em que as ruas foram baptizadas segundo os ofícios que albergavam.

Já no Rossio, destacou-se o antigo palácio dos Estaus, onde é hoje em dia o Teatro D. Maria e que foi construído para albergar os embaixadores, que muitas vezes negociavam os casamentos entre os nobres. O guia também lembrou que em 1500 se renovaram os votos de casamento, com o novo foral, antes de um quase divórcio, aquando do domínio espanhol com os Filipes.

No coração da baixa, contou-se como quem mostrou mais amor após o terramoto de 1755 foi o Marquês de Pombal, em vez do rei D. José, que passou a recear a cidade e as casas de pedra, preferindo a chamada real barraca de Ajuda.

“Como quem ama quer ver bem as feições”, no reinado de D. Maria I começou a iluminar-se as ruas e criou-se o primeiro itinerário lisbonense.

Os passeios públicos, “palcos de grandes amores”, os governos liberais, os republicanos nos Paços do Concelho, os urbanistas e arquitectos do Estado Novo completaram a visita, que terminou no Terreiro do Paço, com a invocação do 25 de Abril e dos “amantes” de Lisboa.

Na lista estiveram estudiosos, artistas e um excerto do fado “Lisboa, menina e moça”.

No próprio dia de São Valentim, na sexta-feira, haverá o percurso sob o mote Lisboa dos Enamorados, mas já hoje se conheceu a história de um mártir do Império Romano, cuja existência real tem sido questionada, e que passou por um episódio que evoca o amor à primeira vista.

O guia relatou como o imperador Cláudio II decidiu proibir temporariamente a celebração de casamentos para garantir que os jovens se deslocavam mais facilmente para a guerra.

Contudo, o bispo Valentim contrariou as ordens e acabou preso e condenado à morte. Até à sua execução recebeu flores e bilhetes e a filha do carcereiro, cega, pediu para se aproximar dele e recuperou a visão.

“O caso mais gritante de amor à primeira vista”, comentou Nuno Frazão, lembrando ainda uma carta que o bispo escreveu à sua amada, assinando o “teu valentim”, uma expressão ainda usada na língua inglesa (valentine) para designar namorado.

As raízes da comemoração deste dia também são encontradas no paganismo, quando se devia culto à deusa Juno.

Sugerir correcção
Comentar