Matança de golfinhos continua no Japão apesar das críticas internacionais

Na baía de Taiji, pelo menos 30 golfinhos terão sido mortos para consumo. Outras dezenas são enviados para parques aquáticos.

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Golfinhos são encurralados com a ajuda de barcos e redes de pesca REUTERS/Adrian Mylne
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Sangue dos animais espalhou-se pela água da baía REUTERS/Adrian Mylne
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Mais de 200 golfinhos foram levados para a baía REUTERS/Adrian Mylne

A cena repete-se anualmente, sempre com os mesmos protagonistas: centenas de golfinhos são encurralados pelos pescadores na baía de Taiji, na costa oeste do Japão, apesar do protesto de várias organizações ambientalistas. Depois de alguns dias presos, os golfinhos têm três destinos possíveis: ou são libertados no mar, ou são enviados para cativeiro, ou acabam esquartejados para consumo. Nesta terça-feira, terão morrido pelo menos 30.

Segundo a agência Reuters, pelo menos 200 golfinhos – incluindo adultos, crias e um golfinho albino, raro, que será mais valioso – estão presos desde sexta-feira na baía de Taiji. A CNN diz que serão 500, mais do que é habitual. Com a ajuda de barcos a motor e de redes de pesca, os animais foram levados para uma zona de águas pouco profundas, onde eram esperados por pescadores com fatos de mergulho e máscaras de snorkelling. Estes lutaram com os golfinhos até à exaustão e prenderam-lhes as barbatanas com cordas, para impedir a fuga

Antes, os pescadores taparam o acesso à baía com uma lona para fugir dos olhares de activistas e jornalistas, que tentavam filmar e fotografar o massacre. Mas o sangue dos animais espalhou-se pela água da baía, para lá dos limites da lona. “Foi usada uma barra de metal para lhes esfaquear a espinhal medula e eles [os golfinhos] foram deixados a sangrar, sufocar e morrer. Depois dos quatro dias traumáticos que passaram presos na enseada da matança, foram alvo de uma selecção violenta, separados da família, e eventualmente foram mortos hoje [terça-feira]”, disse à Reuters Melissa Sehgal, da organização ambientalista Sea Shepherd, que publicou online vídeos da matança.

Ouvido pela CNN, um pescador japonês que pediu o anonimato disse que o número total de golfinhos destinados a cativeiro ou a consumo seria “menor do que 100”, e que os restantes seriam libertados. Os ambientalistas dizem que pelo menos 50 foram levados para parques aquáticos.

Ódio aos japoneses, avisa Yoko Ono

Esta matança foi já fortemente criticada pela comunidade internacional. O embaixador do Reino Unido no Japão, Timothy Hitchens, e a embaixadora dos EUA, Caroline Kennedy, mostraram-se contra esta prática. “O Reino Unido opõe-se a todas as actividades com golfinhos e botos, que causam sofrimentos terríveis. Levantamos esta questão regularmente com o Japão”, declarou Hitchens, num comentário na sua conta de Twitter. Por seu lado, Caroline Kennedy mostrou-se “profundamente preocupada” com a matança.

Também a artista japonesa Yoko Ono, viúva do cantor John Lennon, apelou aos pescadores que abandonem esta caça anual. Numa carta publicada na sua página de Internet, dirigida aos pescadores daquela localidade da província de Wakayama e ao primeiro-ministro japonês, Ono escreve: “A forma como insistem numa grande celebração da matança de tantos golfinhos e no rapto de alguns deles para vender aos zoos e restaurantes, neste tempo tão sensível politicamente, fará com que as crianças do mundo odeiem os japoneses.”

A captura e matança de golfinhos é uma prática centenária naquela região e é fortemente defendida pelos moradores e pelas autoridades, que alegam que aquela não está banida em nenhum tratado internacional e que a espécie não está em perigo de extinção.

Em 2009, Taiji andou nas bocas do mundo quando o documentário The Cove (A Enseada), premiado com um Óscar em 2010, denunciou a captura de golfinhos para parques aquáticos e o massacre de milhares para consumo. Em Outubro, o município revelou um plano que promete nova polémica: será criado um parque marinho, onde os turistas poderão nadar e fazer canoagem ao lado de golfinhos e baleias. Mais tarde, poderão comê-los.

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