Chuva e ventos fortes põem norte do país em alerta vermelho

Meteorologia e protecção civil lançam avisos para o mau tempo que vai afectar praticamente metade do país a partir desta terça-feira.

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As chuvas fortes vão ocorrer num momento em que muitos concelhos poderão não ter tomado ainda medidas preventivas para as chuvas do Outono e Inverno, como a limpeza de sarjetas DR

Chuvas fortes e persistentes, ventos de mais de 100 quilómetros por hora e grande agitação marítima vão atingir Portugal esta terça-feira. Praticamente metade do país, a norte do rio Mondego, foi colocada em alerta meteorológico laranja e quatro distritos em alerta vermelho – Porto, Braga, Vila Real e Viana do Castelo.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o forte mau tempo será causado pelo que restou da tempestade tropical Henri, que se formou no meio do Atlântico, ao largo das Bermudas. Uma zona de muito baixa pressão vai passar ao largo da Corunha, sobre o golfo da Biscaia, trazendo chuva e vento forte para o norte e centro de Portugal e também para o noroeste de Espanha.

Na terça-feira de manhã, o vento começará a fustigar o litoral norte de Portugal e depois se estenderá para o interior norte e centro. A situação deve-se manter durante um dia, até à manhã de quarta-feira. O IPMA prevê rajadas de 90 quilómetros por hora, com valores de até 110 quilómetros por hora em zonas mais altas.

Vai chover copiosamente nas regiões do Minho, Douro Litoral e Beira Litoral, a partir da tarde de terça-feira. Segundo o IPMA, em 24 horas podem cair 100 milímetros de chuva, um valor muito superior ao que normalmente se regista no mês inteiro de Setembro em Portugal. No Porto, a média mensal de precipitação entre 1981 e 2010 foi de 72 milímetros.

O mar também estará com forte agitação a norte do Cabo Raso, em Cascais.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil lançou um aviso à população, alertando para os efeitos possíveis do forte mau tempo. A protecção civil chama a atenção para a possibilidade de ocorrência de cheias rápidas nas cidades e de acidentes na orla costeira.

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Imagem de satélite desta terça-feira às 8h30. IPMA

As chuvas fortes vão ocorrer num momento em que muitos concelhos poderão não ter tomado ainda medidas preventivas para as chuvas do Outono e Inverno, como a limpeza de sarjetas. A primeira recomendação que consta do aviso da protecção civil é precisamente “garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada de inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas”.

Na mesma altura do ano passado, a 22 de Setembro, quando uma forte chuvada apanhou Lisboa despreparada e provocou o caos na cidade, com centenas de inundações, a Câmara Municipal responsabilizou o IPMA por não ter previsto em tempo útil que ia chover tanto sobre a cidade.

Em Espanha, a Agência Estatal de Meteorologia também lançou um alerta para as regiões da Galícia, Astúrias e noroeste de Castela e Leão. Os meteorologistas espanhóis falam na possível ocorrência de uma ciclogénese explosiva, termo técnico que significa uma redução abrupta da pressão atmosférica, formando rapidamente uma tempestade e sobrelevando o nível do mar, com grandes ondas. Os norte-americanos chamam-lhe “bomba meteorológica”.

O mesmo fenómeno esteve na origem de pelo menos quatro episódios graves de mau tempo em Portugal na última década e meia. O mais dramático ocorreu a 5 de Novembro de 1997, provocando cheias que fizeram 11 mortos no Alentejo. Os outros ocorreram a 7 de Dezembro de 2000, a 23 de Dezembro de 2009 e a 19 de Janeiro de 2013.

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